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Nacional
Segunda - 05 de Abril de 2004 às 18:40
Por: Claúdio Júlio Tognoli

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O agente do DEA no Brasil, Maurício William Villela, prestará depoimento nesta terça-feira (6/4), às 18h, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, em Brasília. Ele trabalhava como agente do Drugs Enforcement Administration, a toda-poderosa agência anti-drogas dos EUA, lotado no Consulado norte-americano em São Paulo, na rua Padre João Manoel, nos Jardins, zona sul da cidade.

Maurício William Villela será levado ao Senado pelo procurador da República Luiz Francisco Fernandes de Souza. O agente do DEA vai contar aos senadores como era pago pelo governo dos EUA para "exterminar pessoas no Brasil", segundo Luiz Francisco. Numa dessas ações, o agente levou dois tiros.

O depoimento de William faz parte das investigações que o procurador Luiz Francisco promove para aprofundar as denúncias do jornalista Bob Fernandes, da revista Carta Capital, que há três semanas trouxe entrevista exclusiva com Carlos Costa, ex-chefe do FBI no Brasil. Costa, que também vai depor no Senado, revelava como o governo dos EUA manda dinheiro para o Brasil combater o tráfico de drogas --em investigações sem o mínimo controle da polícia e do Judiciário brasileiro.

Luiz Francisco dispõe de uma lista de pelo menos 30 policiais federais que recebem essa verba do governo dos EUA.

Maurício William Vilela, que depõe nesta terça, já é conhecido como o "Dr. Netto" do século 21.

Em 19 de janeiro de 1990, no condomínio Central Park, na rua Estela, no Paraíso, na zona sul de São Paulo, dr Netto, agente da DEA no Brasil, foi assassinado. Uma mulher morena, de cabelos longos, saiu de um Escort Vermelho conversível, entrou no subsolo do edifício. Alçou mira e disparou contra um advogado de quase dois metros de altura, que sempre envergava roupas italianas e sapatos de cromo alemão. Assim morreu Lourival de Moura Vieira Aquilino, o "Dr. Netto".

"Dr. Netto" era um mito na Polícia Federal de São Paulo. Fora preso nos EUA nos anos 80, acusado de derrame de dólares. Num acordo com a Justiça dos EUA, obteve libertação para tornar-se agente do DEA, a toda-poderosa agência anti-drogas dos EUA. Virou agente duplo, e mesmo trabalhando secretamente para os EUA, continuava a traficar cocaína.

"Dr Netto" tinha fama: em 1983 pelo menos cinco mansões de São Paulo foram assaltadas, incluindo a casa do então vereador Brasil Vitta e a da apresentadora Hebe Camargo. Três ladrões foram presos: Cláudio Nery Tiroti, o "Careca", Adalberto Balcacci Lopes, o "Bacatinho",e Lélio Valentim dos Reis, o "Lelo". Acusaram "Dr Netto" como mentor intelectual das ações. Não se obtiveram provas contra ele.

Muitas autoridades hoje atrás das grades, pelas presas da Operação Anaconda, ganharam as manchetes dos jornais, nos anos 80, condenando e prendendo traficantes de cocaína dedurados por "Dr. Netto". Ele fez a fama de muita gente nas esferas federais. Mas, mesmo trabalhando atrás dos holofotes, foi para ele que sobraram as balas dos cartéis do pó. Quem conhece a vida dos hoje presos pela Anaconda sabe que falta reabrir o caso do assassinato do "Dr. Netto".

"Dr Netto" só foi lembrado nas últimas eleições, muito longe da crônica policial, quando um candidato da direita furiosa descobriu que a atual mulher de um dos políticos mais dignos, honestos e probos deste país deste país fora casada com "Dr Netto". O político bem que tentou levar a história à frente. Parou quando soube que o casamento de Netto fora dissolvido legalmente numa Vara de Família e Sucessões de São Paulo, em que naturalmente litígios matrimoniais correm em absoluto sigilo de Justiça.




Fonte: Consultor Juridico

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