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Internacional
Segunda - 05 de Abril de 2004 às 18:31

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Washington - A proliferação de telefones celulares está trazendo conseqüências potencialmente perigosas para bombeiros e policiais americanos, que em alguns lugares não podem usar seus rádios para pedir ajuda por causa da interferência de sinais de celulares.

O subúrbio bostoniano de Cambridge, no Massachusetts, é uma dessas áreas. No segundo semestre do ano passado, um bombeiro que acudia um incêndio num apartamento teve de andar até outro lugar para chamar por reforços. Uma outra vez, um policial chamado por causa de um assalto não pôde pedir auxílio, quando se aproximava do prédio.

Nos dois incidentes, a demora não causou maiores problemas. Mas o perigo existe, disse o chefe do Corpo de Bombeiros de Cambridge, Gerald Reardon, que supervisiona todo o sistema de rádio de segurança pública.

“Se um equipamento necessita ser consertado ou atualizado, não temos nenhum problema para isso”, ele disse. “Mas isso está além de nosso controle. É uma preocupação.”

Ernest Mitchell, presidente da Associação Internacional de Chefes Bombeiros, é mais pessimista.

“Felizmente, ninguém morreu”, admitiu Mitchell, que é chefe da corporação de Pasadena, na Califórnia. “Mas é só uma questão de tempo.”

Os rádios usados pela polícia, bombeiros e outros serviços públicos estão no mesmo espectro dos 800 megahertz das ondas usados pelos celulares. Assim, por exemplo, se uma mensagem for enviada em 850 MHz perto de uma torre de celulares com difusão de 851 MHZ, o sinal de rádio será abafado.

Não se sabe quantas municipalidade são afetadas, mas o problema é tão sério que a polícia e os bombeiros estão pedindo medidas urgentes ao governo para reparar a situação. Espera-se que os legisladores apresentem um projeto nas próximas semanas.

Até agora, uma batalha se trava dentro da indústria de telefones celulares sobre o que o governo deveria fazer. A questão não é apenas o que funciona melhor. Dinheiro – bilhões de dólares – também está em consideração.

Num dos lados do debata está a Nextel Communications, cujas freqüências estão entremeadas às dos sistemas de segurança pública. Seus celulares são a principal causa de interferência. As freqüências da Nextel foram concedidas pela Comissão Federal de Comunicações, priorizando o boom dos celulares, quando se pensava que o espectro de 800 MHz poderia dar conta das necessidades do sistema público e dos telefones.

Do outro lado, está o resto da indústria das comunicações sem fio – incluindo o grupo comercial que conta a Nextel como membro – assim como prefeituras e serviços de eletricidade, que se utilizam da banda de 800 MHz e os grupos de vigilância ao governo – o Sindicato Nacional dos Contribuintes e Cidadãos Contra os Desperdícios do Governo.

Pelo plano da Nextel, dividir-se-ia a banda de 800 MHz, ficando uma parte para os órgãos de segurança pública e a outra, para as empresas de celulares. A idéia tem contra si vários grupos de direitos públicos, assim como a associação das corporações de bombeiros que Mitchell dirige.

Os oponentes não querem mexer no espectro mas exigem que cada empresa causadora de interferências as elimine, às suas próprias custas, dentro de 60 dias, após um órgão de segurança reportar um problema. O plano de Nextel seria extremamente lucrativo para a empresa enquanto que a proposta de seus oponentes lhe custaria somas razoáveis.




Fonte: AE - AP

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