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Educação/Vestibular
Domingo - 04 de Abril de 2004 às 09:22
Por: Marcos de Moura e Souza

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São Paulo - Em se tratando de ensino superior, o Brasil está mais para Bolívia ou para França? Dependendo do seu ponto de vista, as duas respostas podem estar certas. A qualidade da pesquisa feita em algumas das melhores universidades públicas do País é comparável à de muitos países desenvolvidos europeus. Mas, quando se fala de acesso da população ao 3.º grau, um outro Brasil aparece.

Somente 9% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Na Bolívia, cuja economia é 61 vezes menor que a brasileira, o índice é de 20%. Na Argentina, quase 40%.

Há quatro anos, o Congresso Nacional tentou mudar essa situação por meio de uma lei. O Plano Nacional de Educação (PNE) dizia que, até 2008, 30% dos jovens brasileiros teriam de estar na universidade. Isto é, algo em torno de 9 milhões de pessoas. A meio caminho da conclusão das metas, o plano parece mera utopia. Pouco mais de 3 milhões estão hoje em universidades e faculdades do País.

Para tentar acelerar a inclusão, o Ministério da Educação (MEC) finaliza agora o programa Universidade Para Todos, que pretende "estatizar" ainda neste ano entre 70 mil e 75 mil vagas nas instituições particulares.

As barreiras ao ensino superior são velhas conhecidas. A primeira delas se chama renda. No Brasil, cerca de 70% das vagas são oferecidas pelas particulares, cujas mensalidades variam em média no Estado de São Paulo entre R$ 400 e R$ 600.

Para muitos jovens em idade universitária, bolsas de estudo são a única alternativa. Mas aqui se chega a um problema. "Não há um critério público de concessão de bolsas no País. Cada instituição faz sua regra. E isso prejudica muita gente", critica Sérgio Custódio, um dos coordenadores do Movimento dos Sem-Universidade (MSU), organização não-governamental (ONG) que promove cursinhos populares em 11 Estados e no Distrito Federal.

Embora o MEC oriente toda a educação - pública e particular - do País, não tem ingerência nesse capítulo. O ministério não sabe quantas bolsas são concedidas no Brasil - dado que, aliás, nem é compilado pelas diversas entidades do setor.

O MEC deixa que cada instituição particular defina critérios e quantidades.

A pressão por vagas no ensino superior cresce aceleradamente. Em 1991, 666.367 jovens se formaram no ensino médio. Em 2002, foram 2.065.722. Uma multidão advinda principalmente das classes C, D e E. Muitos até passam pelo processo seletivo, mas param na tesouraria.

Isenção - Há quase dez anos, a Fuvest vem concedendo isenção a estudantes carentes. Neste ano, foram 20 mil. É uma das formas da Universidade de São Paulo (USP) tentar aumentar a presença de alunos de baixa renda nas suas salas de aula. Segundo a pró-reitora de graduação, Sônia Penin, muito jovens nem sequer arriscam prestar o vestibular. "Uma parte deles porque talvez não possa pagar as inscrições", comenta.




Fonte: Estadão.com

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