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Saúde
Sexta - 02 de Abril de 2004 às 10:38

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A leptina, um hormônio que afeta o peso e o apetite, aparentemente leva o cérebro a determinar se um animal será obeso ou magro por toda a vida, disseram duas equipes de pesquisadores dos EUA nesta quinta-feira.

O estudo, publicado na edição de sexta da revista Science, pode ajudar os médicos a entenderem se a leptina pode ser manipulada para ajudar obesos a perderem peso e permanecerem magros.

As conclusões também podem ajudar a explicar por que alimentos consumidos na infância, ou mesmo pela mãe durante a gravidez, afetam peso, doenças cardíacas e outros aspectos do metabolismo ao longo da vida. Permitem explicar ainda por que algumas pessoas têm tanta dificuldade em emagrecer.

Em um dos estudos, equipes do Instituto Médico Howard Hughes, da Universidade Rockefeller e da Universidade de Yale concluíram que a leptina afeta tanto a estrutura física quando a função dos circuitos neurológicos do cérebro.

"Trata-se de um efeito muito dinâmico que é bastante dramático e algo surpreendente. Em resposta à leptina, as células criam novas conexões", disse o médico Jeffrey Friedman, da Universidade Rockefeller.

"A maleabilidade desses circuitos alimentares pela leptina sugere a possibilidade de que as conexões do cérebro sejam diferentes em indivíduos esbeltos em comparação com os obesos", acrescentou.

Os pesquisadores trabalharam com camundongos especialmente alimentados, que, do ponto de vista biológico, são muito semelhantes a humanos.

Ao ser descoberta, em 1994, a leptina intrigou os cientistas por sua ligação estreita com o apetite e a obesidade. Roedores obesos alimentados com a leptina rapidamente perdiam peso, e estudos posteriores mostraram que humanos gordos tinham níveis baixos desse hormônio.

Mas o efeito da leptina não foi tão notável em humanos, e ficou claro que simplesmente injetá-la nas pessoas não eliminaria a obesidade.

Em um segundo estudo, cientistas da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon descobriram que a exposição à leptina no começo da vida afetava as estruturas cerebrais envolvidas na regulagem do peso.

Também trabalhando com camundongos, Richard Simerly e seus colegas monitoraram o desenvolvimento de neurônios em uma parte do hipotálamo. Os circuitos cerebrais nessa parte eram menos desenvolvidos em animais modificados geneticamente para não produzirem leptina. Eles descobriram que filhotes de camundongos nessa situação recuperavam a estrutura cerebral normal após receberem injeções de leptina.

"Estamos animados com essa conclusão porque ela mostra como a exposição à leptina pode afetar diretamente o desenvolvimento de estruturas cerebrais envolvidas na regulagem do peso", escreveu Simerly. "Nossas conclusões apontam uma ligação entre as ações da leptina no desenvolvimento e o surgimento da obesidade precoce".




Fonte: Reuters

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