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Arte circense ganha o primeiro curso superior no Brasil
São Paulo - Criação da Cia. Linhas Aéreas, com direção de Francisco Medeiros, o bonito e inteligente espetáculo Pequeno Sonho em Vermelho - indicado a quatro Prêmios Shell - é um dos bons exemplos do aprimoramento já alcançado no Brasil pelos grupos que trabalham com a linguagem circense. Atualmente, só na cidade de São Paulo, há cerca de 40 companhias filiadas ao chamado ´novo circo´, ou seja, trapézios, malabares, números de equilíbrio e o humor típico do palhaço integram seus espetáculos.
No circo de lona, números passam de pai para filho. Já os integrantes das novas trupes optaram pela arte circense e, entre seus integrantes, pode haver até engenheiros, como é o caso de Alex Marinho, fundador, junto com Rodrigo Matheus, do Centro de Formação Profissional em Artes Circenses (Cefac). A idéia é ambiciosa: criar um centro de excelência, a primeira faculdade de circo. No Brasil, só este ano a Escola Nacional do Circo, no Rio, conseguiu o reconhecimento oficial, mas como ensino de nível técnico.
Por enquanto a Cefac tem sua primeira turma, de 20 alunos, e um vasto currículo com matérias teóricas e práticas em número suficiente para alcançar, ao fim de três anos, o reconhecimento oficial de curso superior. "No Brasil, seria a primeira. Existem faculdades de circo em países como Bélgica, França e Canadá", explica Marinho, que visitou a escola francesa.
Formação de qualidade
Mas embora estejam investindo para isso, a preocupação, no momento, ainda está na qualidade da formação oferecida à primeira turma. Convênios com o Sebrae-SP e o Consulado da França garantem desde instrumental teórico para administrar empresas teatrais até aulas de ética e estética com professores franceses.
"Na aula de anatomia, a professora começou falando de Aristóteles. Foram quatro horas. Se alguém tinha alguma dúvida no início, passou a ter muitas outras ao fim da aula", comenta Alexandre Roit, o Alê, um dos fundadores do Parlapatões, grupo do qual se desligou recentemente. No Cefac ele é um dos coordenadores de Núcleo de Manipulação (malabares e equilíbrio com aparelhos).
"Nas aulas teóricas, o objetivo não é dar respostas, mas provocar o pensamento. Além do domínio técnico, é importante refletir sobre a prática. Saber por que fazer arte circense e para quem", observa Rodrigo. O treinamento é pesado. No Cefac, os 20 alunos têm aulas diárias, de 2.ª a sábado, das 8h00 às 13h00.
Seleção rigorosa Foi rigorosa a seleção dos alunos para integrar a primeira turma do Centro de Formação Profissional em Artes Circenses (Cefac). Além de currículo, entrevistas e apresentação de números circenses, os candidatos passaram por uma oficina de dois dias de duração. Eram 38. Sobraram 20.
Todos têm bolsas de estudo, de porcentagens variadas. E precisam desse apoio. "Contou muito mais o potencial de talento e dedicação do que o poder aquisitivo", diz Matheus. Mas ninguém tem bolsa integral. "Se é de graça, o aluno não valoriza, começa a faltar", comenta Alex Marinho.
Valorizar oportunidades é algo que Francisco Renato Bezerra Holanda vem fazendo como poucos. Ao término de uma aula, esse cearense de 20 anos, que faz malabarismo num farol no bairro de Aricanduva para pagar a mensalidade do Cefac, contou como deixou uma instituição para menores em Fortaleza.
Possibilidade de sobrevivência
"Fiz todos os cursos que tinha lá, serigrafia, marcenaria, reciclagem e pintura." Mas nas aulas de técnicas circenses, percebeu mais claramente a possibilidade de sobrevivência. "Aos 18 anos tive de sair da instituição." Decidiu se aventurar no Rio. "Avisei meu irmão mais novo, mas ele me chamou de mentiroso."
Deixou os sete irmãos sem muitas despedidas, pegou o monociclo e a estrada. Comeu como pôde, viajou clandestino, comprou uma ou outra passagem de ônibus. Depois de alguns dias, estava no Rio. Sozinho. Fez amigos na rua, apresentações no Largo da Carioca, morou na Favela do Curral, no bairro do Realengo, e numa pensão da Lapa.
Ameaçado de morte por um dos companheiros de apresentações na rua, veio para São Paulo. Pelo rádio, soube do Cefac. "Pensava em voltar a estudar, mas agora é a escola de circo e o trabalho. Espero um dia ser um bom profissional e também dar aulas, ensinar a outros o que eu vou aprender aqui."
O Galpão do Circo, na Vila Madalena, é um dos locais onde funciona a escola. O outro é a Central do Circo, uma associação informal que reúne várias companhias circenses, entre elas Linhas Aéreas e Circo Mínimo. Mais informações no site www.galpadocirco.com.br
No circo de lona, números passam de pai para filho. Já os integrantes das novas trupes optaram pela arte circense e, entre seus integrantes, pode haver até engenheiros, como é o caso de Alex Marinho, fundador, junto com Rodrigo Matheus, do Centro de Formação Profissional em Artes Circenses (Cefac). A idéia é ambiciosa: criar um centro de excelência, a primeira faculdade de circo. No Brasil, só este ano a Escola Nacional do Circo, no Rio, conseguiu o reconhecimento oficial, mas como ensino de nível técnico.
Por enquanto a Cefac tem sua primeira turma, de 20 alunos, e um vasto currículo com matérias teóricas e práticas em número suficiente para alcançar, ao fim de três anos, o reconhecimento oficial de curso superior. "No Brasil, seria a primeira. Existem faculdades de circo em países como Bélgica, França e Canadá", explica Marinho, que visitou a escola francesa.
Formação de qualidade
Mas embora estejam investindo para isso, a preocupação, no momento, ainda está na qualidade da formação oferecida à primeira turma. Convênios com o Sebrae-SP e o Consulado da França garantem desde instrumental teórico para administrar empresas teatrais até aulas de ética e estética com professores franceses.
"Na aula de anatomia, a professora começou falando de Aristóteles. Foram quatro horas. Se alguém tinha alguma dúvida no início, passou a ter muitas outras ao fim da aula", comenta Alexandre Roit, o Alê, um dos fundadores do Parlapatões, grupo do qual se desligou recentemente. No Cefac ele é um dos coordenadores de Núcleo de Manipulação (malabares e equilíbrio com aparelhos).
"Nas aulas teóricas, o objetivo não é dar respostas, mas provocar o pensamento. Além do domínio técnico, é importante refletir sobre a prática. Saber por que fazer arte circense e para quem", observa Rodrigo. O treinamento é pesado. No Cefac, os 20 alunos têm aulas diárias, de 2.ª a sábado, das 8h00 às 13h00.
Seleção rigorosa Foi rigorosa a seleção dos alunos para integrar a primeira turma do Centro de Formação Profissional em Artes Circenses (Cefac). Além de currículo, entrevistas e apresentação de números circenses, os candidatos passaram por uma oficina de dois dias de duração. Eram 38. Sobraram 20.
Todos têm bolsas de estudo, de porcentagens variadas. E precisam desse apoio. "Contou muito mais o potencial de talento e dedicação do que o poder aquisitivo", diz Matheus. Mas ninguém tem bolsa integral. "Se é de graça, o aluno não valoriza, começa a faltar", comenta Alex Marinho.
Valorizar oportunidades é algo que Francisco Renato Bezerra Holanda vem fazendo como poucos. Ao término de uma aula, esse cearense de 20 anos, que faz malabarismo num farol no bairro de Aricanduva para pagar a mensalidade do Cefac, contou como deixou uma instituição para menores em Fortaleza.
Possibilidade de sobrevivência
"Fiz todos os cursos que tinha lá, serigrafia, marcenaria, reciclagem e pintura." Mas nas aulas de técnicas circenses, percebeu mais claramente a possibilidade de sobrevivência. "Aos 18 anos tive de sair da instituição." Decidiu se aventurar no Rio. "Avisei meu irmão mais novo, mas ele me chamou de mentiroso."
Deixou os sete irmãos sem muitas despedidas, pegou o monociclo e a estrada. Comeu como pôde, viajou clandestino, comprou uma ou outra passagem de ônibus. Depois de alguns dias, estava no Rio. Sozinho. Fez amigos na rua, apresentações no Largo da Carioca, morou na Favela do Curral, no bairro do Realengo, e numa pensão da Lapa.
Ameaçado de morte por um dos companheiros de apresentações na rua, veio para São Paulo. Pelo rádio, soube do Cefac. "Pensava em voltar a estudar, mas agora é a escola de circo e o trabalho. Espero um dia ser um bom profissional e também dar aulas, ensinar a outros o que eu vou aprender aqui."
O Galpão do Circo, na Vila Madalena, é um dos locais onde funciona a escola. O outro é a Central do Circo, uma associação informal que reúne várias companhias circenses, entre elas Linhas Aéreas e Circo Mínimo. Mais informações no site www.galpadocirco.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/387518/visualizar/
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