Frutas de caroço decepcionam o Centro-Sul do Paraná Gazeta do Povo
“Se a safra deste ano fosse boa, esta árvore ia parecer uma jabuticabeira, de tão carregada.” No meio de um corredor formado por duas fileiras de ameixeiras com frutos bem esparsos, o agricultor Augusto Tucholski, de Irati (Centro-Sul do Paraná), expressa uma sensação comum à grande maioria dos produtores de pêssego, ameixa e nectarina do Paraná neste começo de 2014. As fortes geadas ocorridas no inverno do ano passado prejudicaram muito o desenvolvimento destas três frutas com caroço, especialmente no período de floração das cultivares mais precoces – entre junho e julho.
Os dados regionais vão confirmando as previsões de quebra climática. Em Irati, a Secretaria de Agricultura contabiliza perda de aproximadamente 70% na produção de pêssego (100 toneladas diante de uma expectativa de 300 t) e de quase 60% na de ameixa (para 25 t). Só 11 produtores participaram da Festa do Pêssego em dezembro. Comercializaram 11,8 t de pêssego e ameixa em três dias.
O quilo dessas frutas tem chegado a custar R$ 5,00 no varejo e a justificativa vem da baixa produção no campo. Augusto Tucholski, um dos 28 produtores de frutas com caroço em Irati, perdeu 10 toneladas de pêssego. “As geadas de junho e julho foram muito fortes e mataram as flores. Entre agosto e setembro, tivemos outra geada intensa. O frio queimou o cabinho de muitos frutos que já estavam em formação”, lamenta.
Ele tem recebido até R$ 5,00 por quilo da fruta. Na safra passada, o valor ficou próximo dos R$ 2,50. “Mesmo assim, não tive lucro. Comercializei o suficiente para pagar os insumos. Apesar da pequena quantidade, a qualidade da fruta está muito boa”, salienta.
No caso da ameixa, Tucholski se precaveu plantando a variedade Leticia, que tem floração tardia e produz um fruto mais claro. No entanto, o agricultor não contava com a geada do fim de agosto, que acabou matando boa parte da florada. “Dos mil pés da propriedade, eu esperava colher mais de 20 toneladas, mas não vai passar de 10”, lamenta Tucholski.
A produção em Ponta Grossa (Campos Gerais) também sentiu os efeitos negativos da geada. A agricultora Joana Tullio sofreu uma perda de 60% na produção de pêssegos. “Por causa do frio intenso, tivemos árvores que não produziram nada. Eu costumo vender a maior parte da produção na feira e o restante vai para o comércio da cidade. Esse ano eu nem pude vender para os mercados. Foi apenas o suficiente para a feira”, relata.
Recuo
Segundo dados da Seab, as plantações de pêssego, ameixa e nectarina no Paraná têm ocupado uma área cada vez menor. Em 2008, o estado tinha pouco mais de 3 mil hectares plantados com essas três frutas. Em 2012, ano do último levantamento, o número caiu para 2,4 mil hectares. A nectarina foi a que mais perdeu território (uma queda de 33% em área colhida), seguida pela ameixa (18%) e pelo pêssego (17%). Com isso, a produção dessas frutas caiu de 38,5 mil toneladas em 2008 para 34,6 mil t em 2012.
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