Deputados pedem cabeça de secretários de Silval Barbosa
Parlamentares da base situacionista já não mais têm nenhum pudor em revelar o elevado grau de insatisfação com alguns secretários do governo Silval Barbosa (PMDB) e, nos bastidores dos poderes Legislativo e Executivo, defendem abertamente e endossam substituições de alguns membros do primeiro escalão, conforme apurou a reportagem do Olhar Direto.
"Se o governador não fizer mudanças, vai ter dificuldades a partir de agora. Tem secretário que não atende ninguém, não responde as informações que o Legislativo encaminha e eu diria, sem medo de errar, que jogam contra o próprio governo. Então, o governador Silval Barbosa precisa substituir", declarou um parlamentar do bloco governista, sem esconder sua "indignação" com o que considera "desrespeito".
Para um deputado mais indignado ainda, Silval já deveria ter feito algumas substituições, mas "ainda há tempo para evitar o pior". "Não se trata de fogo amigo, mas da simples constatação de que alguns setores do governo vão de mal a pior. E é preciso que o governador tenha pulso firme e troque quem joga contra o patrimômio", observou outro deputado ao ser provocado pelo Olhar.
"Tem secretário que não ouve o governador, não aceita críticas e outros agem como se fossem senhores feudais. Esses devem ser os primeiros que ele (Silval) precisa avaliar se vale a pena manter no cargo", acrescentou outro parlamentar governista.
Essas "insatisfações" devem ser avaliadas pelo chefe do executiva estadual e os deputados da base aliada logo após o segundo turno em Cuiabá. Contudo, há quem defenda que as substituições ocorram já. "Não podemos mais esperar, mas se o governador achar que deve esperar tudo bem. Mas os problemas tendem a crescer ainda mais. Acho que substituir secretários ineficientes deve ser feito agora. Aliás, já demorou", salienta um quarto deputado ouvido pela reportagem.
Para um quinto deputado, a administração estadual está "travada" e falta diálogo entre os membros do primeiro escalão do staff de Silval Barbosa. Na avaliação desse parlamentar, a simples substituição de "três ou quatro secretários" não surtirá efeito a curtíssimo prazo se não houver "diálogos de alto nível" e ações de integração.
"Hoje, tem secretário que não está nem aí. Não fala com outros colegas, age de forma arrogante e o resultado pode ser visto por qualquer cidadão comum. Tem setores do governo que não avançam, estão travados por falta de conversas. O governador precisa chamar para si o comando de algumas pastas porque vai ficar cada dia mais insustentável", ressaltou um governista de alta patente.
"As substituições precisam ser feitas e o governador tem que acompanhar diariamente o comportamento de algumas secretarias onde a ineficiência é observada não apenas pelos deputados, mas por todos os que precisam dos serviços da administração estadual", salientou outro deputado, segundo o qual "o governador é quem vai pagar pelo desgaste" no futuro.
E a preocupação dos parlamentares é pertinente. Em algumas secretarias e órgãos da administração indireta, os fornecedores não recebem há mais de seis meses. No Indea (Instituto de Defesa Animal), por exemplo, falta estrutura e material para que os servidores mantenham o órgão funcionando a contento. No MT Saúde a crise extrapolou os limites da razoabilidade. Mas, apesar dos dois exemplos, os problemas são generalizados e as reclamações idem.
Isso sem contar com denúncias sistemáticas de corrupação, abusos e desmandos. "É preciso conter alguns (secretários) que pensar ser maiores do que o rei. Esses agem como governadores de suas secretarias e não houvem os comandos do Paiaguás", sentenciou outro deputado.
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