Um terço das drogarias de MT atua de forma irregular
Estudo mostra que quase um terço das farmácias e drogarias de Mato Grosso está irregular e funciona sem a presença de um técnico responsável durante todo o expediente. Mesmo assim, o Estado é o nono que mais tem farmacêuticos por habitante.
De acordo com Censo Demográfico Farmacêutico realizado pelo núcleo de Pesquisa e Pós–graduação do Mercado Farmacêutico do Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), Mato Grosso é 13º Estado em número de farmácias e drogarias, com 1.776 unidades, porém 484 unidades funcionam sem a presença de um farmacêutico em alguns períodos do dia.
O dado fere a Lei Federal 5.991 de 1973 (Art. 15, § 1º), que determina que toda farmácia ou drogaria é obrigada a ter um farmacêutico de plantão durante todo o período de funcionamento.
Conforme o censo, no Estado existem 3.359 profissionais cadastrados no Conselho Regional de Farmácia, o que representa uma média de 2,76 profissionais para cada 2 mil habitantes, superando a média nacional que é de 1,76 para cada 2 mil. O valor supera, inclusive, de médicos por habitantes, que é de aproximadamente 2,52.
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Farmacêutico de Mato Grosso (Siconfarma-MT), Ricardo Cristaldo, o mercado está bem abastecido de farmacêuticos, porém a grande maioria dos estabelecimentos teria que ter de dois a três profissionais para suprir a demanda de carga horária. Porém, as lojas optam por contratar apenas um, por questões financeiras. “Cada profissional trabalha até oito horas por dia, podendo fazer mais duas horas extras. Ainda assim as farmácias têm regimes de 12, 14 ou até 24 horas de funcionamento”.
Conforme Cristaldo, no interior a situação chega a ser mais amena do que na Capital, pois muitas vezes o dono do estabelecimento é também formado em farmácia. “Mesmo assim, são poucos os estabelecimentos que cumprem a legislação neste quesito. Nos finais de semana, a maioria funciona sem a presença de nenhum responsável”.
De acordo com o diretor de pesquisa do ITCQ, Marcus Vinicius, o estudo mostrou que 78% dos brasileiros acreditam que o farmacêutico é mais acessível que o médico. Porém, 54% da população não saberia apontar quem é o farmacêutico ou atendente dentro do estabelecimento. O que gera um mito que o profissional é mais acessível, mas na realidade engana os consumidores que acreditam estar sendo atendidos por um profissional formado, ao invés de um leigo. "Em muitos lugares, é o próprio atendente que faz o papel do farmacêutico. Esta atitude pode gerar complicações em quadros clínicos de saúde e até risco de morte".
O diretor afirmou que entre as principais funções do farmacêutico estão conferir as receitas, orientar os consumidores sobre o remédio e prescrever medicamentos que não exijam receita médica. Em todo o país a situação é similar a de Mato Grosso. Quase a metade dos 97 mil estabelecimentos funciona de maneira irregular, sem a presença de um técnico responsável em horário integral. (GN)
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