Passagem da Conceição muda de perfil Com a chegada do progresso nos arredores, distrito perde o aspecto bucólico que, por séculos, atraiu banhistas e turistas

Os recentes casos de violência registrados na região do Distrito da Passagem da Conceição, em Várzea Grande, têm preocupado a comunidade ribeirinha. Para parte dos moradores, o aspecto bucólico que por cerca de 200 anos atraiu banhistas e turistas já não é mais a principal característica do local, especialmente, aos fins de semana.

Para eles, a insegurança e o fim da tranquilidade é resultado do aumento expressivo de visitantes, do crescimento populacional nas imediações e do tráfico de drogas. Além disso, o problema é atribuído a existência de extensas áreas de matagais existentes nas imediações do cemitério da Guarita (próximo ao distrito), que são usadas por marginais para o desmanches de veículos roubados e desova. 

As famílias da Passagem da Conceição fazem questão de deixar claro que a violência vem de outros bairros ou está no entorno do distrito. Porém, elas reconhecem que temem pela iminente chegada da criminalidade na própria comunidade. 

“Estamos preocupados sim. Eu nasci e fui criado aqui na Passagem da Conceição. Antes, este era um lugar pacato, mas depois que começaram a construir condomínios na região e o distrito passou a ser mais divulgado, a tranquilidade acabou”, lamenta o aposentado Elvandes Ilário Campos Fontes, 71 anos. Segundo ele, os casos de furtos têm sido cada vez mais frequentes. “Hoje, não se pode deixar mais nada fora de casa, tem que trancar tudo. Antes, não era assim”. 

Já o aposentado Abener da Silva, 72 anos, reclama da falta de insegurança nas ruas. “Direto tem motoqueiro fazendo ‘cavalinho de pau’, o que é um perigo para todos”, disse comentando que teve a calçada totalmente destruída por motoristas que estacionam os carros no passeio. 

Além de relatar casos de tiroteios à noite nas proximidades e dentro da comunidade, os ribeirinhos consideram o tráfico de entorpecentes o principal problema atualmente enfrentando pela comunidade. “Direto tem gente vendendo e consumindo droga na beira do rio (Cuiabá). Esse problema já está atingindo até a criançada (do distrito)”, comentou um dos moradores, que preferiu não se identificar. 

Nos últimos 40 dias, dois crimes bárbaros foram registrados na região. Em dezembro do ano passado Romério Gomes Pereira, de 33 anos, e sua esposa, Cintia Graziela de Oliveira, de 25, foram encontrados feridos por arma de fogo dentro de um veículo, em frente de um frigorífico de suínos. 

Ele foi atingido duas vezes no tórax e ela três vezes, sendo que os projéteis acertaram o ombro, o braço direito e no olho direito dela. Dentro do veículo também estava a filha do casal de apenas cinco anos que foi poupada pelos criminosos. Dias depois, policiais militares o corpo de Alécio Gomes Pereira, de 32 anos, irmão Romério. A execução estaria ligada ao tráfico de entorpecentes. 

Mais recentemente, no último dia 30, corpo da comerciante Andréia Canuto Tirapele Carreira da Silva, de 41 anos, foi encontrado em um local de difícil acesso, nas proximidades da Passagem da Conceição. A vítima foi executada com vários golpes de faca e jogada dentro de seu automóvel, um Toyota Corolla preto.