Mantega diz que Brasil se defenderá de expansão monetária
O Brasil se reserva o direito de se proteger das medidas de expansão monetária adotadas por bancos centrais como o Federal Reserve americano, dirá o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, em seu discurso na Assembleia do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Tóquio.
Mantega adverte ainda para o que chama de movimentos de alguns países para renegociar, no último minuto, a reforma do sistema de cotas do Fundo, que deve ser confirmada até janeiro próximo. "Os países avançados não podem esperar exportar sua saída da crise em detrimento das economias e dos mercados emergentes", dirá Mantega no discurso previsto para o próximo sábado diante do Comitê Financeiro e Monetário do Fundo. "O Brasil adotará todas as medidas necessárias. Não podemos aceitar as tentativas de qualificar injustamente como ""protecionistas"" medidas legítimas de defesa na área do comércio exterior, as taxas de câmbio e o controle da entrada de capitais". "Já disse no passado que as ""guerras cambiais"" apenas agravarão as dificuldades econômicas do mundo", destacará Mantega.
Brasil, como porta-voz do denominado grupo Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) já havia criticado, nesta quinta-feira, a política "quantitativa" do Federal Reserve, última medida anunciada pelo presidente do BC americano, Ben Bernanke, visando imprimir dólares e ajudar o país a sair da crise. "Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento não podem suportar passivamente as consequências das políticas dos países avançados", afirma Mantega no discurso.
Sobre a reforma do sistema de cotas do FMI, que permitirá a entrada plena como membros permanentes do diretório de Brasil, Rússia, Índia e China, Mantega lembra que os "líderes do G20 (países ricos e emergentes) assumiram na cúpula de Los Cabos, em junho passado, o compromiso de que a distribuição de cotas deveria refletir melhor o peso relativo dos países membros". "Todo o mundo deve saber que qualquer tentativa de ""reinterpretar"" os compromissos, especialmente os que obtivemos a nível de nossos líderes, provoca o risco de danificar irremediavelmente a credibilidade dos países que renegam seus compromissos, tanto no G20 como no FMI", conclui Mantega.
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