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Internacional
Domingo - 16 de Fevereiro de 2014 às 17:13

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As negociações entre o governo sírio e a oposição, que estavam bloqueadas há três semanas, foram suspensas no sábado (15) em Genebra, sem que fosse marcada um data para seu reinício. A guerra civil na Síria já teria deixado 140 mil mortos, segundo uma ONG ligada à rebelião. "Creio que é melhor que cada uma das partes se retire e reflita sobre suas responsabilidades e diga se quer que este processo continue ou não", declarou o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi à imprensa.

O mediador pediu desculpas ao povo sírio pela ausência de progressos nas conversações. "Eu sinto muito", afirmou.

Brahimi enfatizou que, pelo menos, as duas partes chegaram a um acordo sobre os temas que serão abordados em uma terceira rodada, desde que esta seja realizada.

Dessa forma, numa possível terceira fase das negociações, serão discutidos a violência e o terrorismo, depois o governo interino e instituições nacionais e, por fim, a reconciliação nacional.

No entanto, Brahimi lamentou que os representantes do regime de Bashar al-Assad tenham se negado a aceitar sua proposta de falar da violência durante um dia, para depois falar da transição política, "o que levou a oposição a suspeitar que o governo não quer falar de forma alguma de uma autoridade governamental transitória".

Para o porta-voz da delegação opositora, Luai Safi, uma terceira rodada de negociações com o governo sírio, sem que se fale de transição política, seria uma "perda de tempo".

"O regime não é sério", declarou Safi no anúncio da interrupção do encontro.

"Não estamos aqui para negociar o comunicado de Genebra, mas sim aplicá-lo", acrescentou o porta-voz opositor, se referindo ao plano de solução política da crise síria aprovado pelas grandes potências.

Por sua parte, o representante do regime, Bashar Yaafari, afirmou que os negociadores opositores eram "pouco profissionais" e criticou os Estados Unidos por "fazer todo o possível para socavar o conjunto do processo".

Nas primeiras reações internacionais à notícia, o chanceler britânico William Hague afirmou que o fracasso das negociações é um sério revés pelo qual o regime Assad é o responsável.

"A impossibilidade de acertar uma agenda para futuras rodadas é um sério revés para a busca da paz na Síria, e a responsabilidade cai diretamente no regime Assad", afirmou.

A França também condenou "a atitude do regime sírio, que bloqueou todo possível progresso nas conversações de Genebra", segundo um comunicado do chanceler Laurent Fabius.

Pouca ajuda humanitária e muitas mortes

Horas antes da suspensão das conversas, o presidente Barack Obama prometeu que os Estados Unidos pressionarão mais o presidente sírio para que melhore a situação humanitária na Síria.

Durante uma reunião com o rei Abdullah II da Jordânia, em Rancho Mirage, Califórnia, o presidente americano afirmou que solucionar a crise síria levará tempo.

"Não esperamos uma solução para isso em curto prazo", enfatizou. "Mas temos de tomar medidas imediatas para ajudar na situação humanitária", acrescentou. "É preciso tomar medidas intermediárias para pressionar mais o regime de Al-Assad", disse.

Obama também prometeu uma ajuda de um bilhão de dólares à Jordânia para poder lidar com os refugiados sírios em seu território.

Anteriormente, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) indicou que há mais de 2.700 habitantes da região montanhosa de Qalamun que fugiu dos ataques aéreos e dos combates e que buscaram abrigo no povoado de Aarsal, no Líbano, um país profundamente dividido pelo conflito sírio.

Neste sábado, o Líbano anunciou a formação de um novo governo de consenso que reúne pela primeira vez em três anos o movimento xiita Hezbollah e a força liderada pelo ex-primeiro-ministro Saad Hariri.

O Hezbollah está envolvido militarmente na Síria, onde participa nos combates junto ao exército sírio, atitude criticada por seus detratores.

Por último, em relação ao número de mortos na Síria, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) afirmou que o conflito na Síria já deixou mais de 140 mil vítimas, entre as quais 49.951 civis, incluindo 7.626 crianças e 5.064 mulheres.

Do lado da oposição a Assad, o OSDH contabiliza 24.167 combatentes rebeldes e 8.972 jihadistas da Frente al Nosra e do Estado Islâmico no Iraque e o Levante (EIIL).

Do lado do regime, contabiliza 54.199 soldados e milicianos, assim como 275 membros do Hezbollah e 360 de outros grupos xiitas estrangeiros. Haveria também 2.837 vítimas não identificadas.





Fonte: AFP

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