Lúdio deve trocar governo por prefeitura Estratégia pode evitar racha interno na legenda, já que militância defende o ex-vereador ao Paiaguás, enquanto cúpula prefere o juiz Julier
O PT parece ter encontrado uma saída para evitar um racha interno por conta da escolha de seu pré-candidato ao governo do Estado. Preferido pela militância, o ex-vereador Lúdio Cabral (PT) deve mesmo ser preterido na disputa majoritária. O argumento, no entanto, é de que ele concorra a deputado federal para que, em 2016, seja novamente candidato a prefeito de Cuiabá.
A afirmação é do vereador Allan Kardec (PT), que confirma a preferência por Lúdio da grande maioria dos militantes petista, mas pondera que a cúpula do partido já tem um compromisso firmado com o juiz federal Julier Sebastião da Silva (ainda sem partido) sobre a candidatura ao Paiaguás.
Lúdio seria uma aposta do partido no próximo pleito municipal, tendo em vista seu desempenho em 2012, quando alcançou 140.798 votos, o equivalente a 45,35% do total.
Na época, o petista iniciou a disputa em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, quando somava menos de 15% do eleitorado. Levou, no entanto, a eleição para o segundo turno, contra o atual prefeito Mauro Mendes (PSB).
Os números, todavia, também animam a militância petista quanto à candidatura dele ao cargo de governador. Apesar da divergência com a cúpula da legenda, que prefere Julier, Kardec garante que as discussões sobre qual dos dois será o candidato têm transcorrido de forma natural, sem grandes divisões de correntes no partido.
O vereador ainda defende que Julier, mesmo oriundo do Judiciário, também tem formação social, a exemplo de Lúdio, que é médico da rede municipal. Lembra que antes de entrar para a magistratura, o juiz já foi filiado ao PT e trabalhou voluntariamente como advogado da Pastoral da Terra, movimento que defende a reforma agrária.
Esta não é a primeira vez que o PT vive uma divisão de opiniões sobre candidaturas. Em 2010, o ex-deputado federal Carlos Abicalil e a ex-senadora Serys Slhessarenko disputaram internamente a vaga de candidato ao Senado.
Ele acabou levando a melhor e Serys disputou o cargo de deputada naquele ano. Ambos, no entanto, saíram derrotados das urnas. A ex-senadora chegou a enfrentar um processo interno por ter pedido votos ao então candidato ao Senado pela oposição, Pedro Taques (PDT). Tempos mais tarde ela se desfiliou. Hoje é integrante do PTB.
EFEITO TAQUES – O senador pedetista, aliás, é apontado como um dos motivos pelos quais o PT teria preferência por Julier na corrida ao governo do Estado.
Allan Kardec, no entanto, avalia que, ainda que tenham um perfil parecido, os dois não devem disputar o mesmo eleitorado. Para ele, Julier deve mostrar uma diferença considerável no tratamento com a classe política.
Sustenta também que dentro do PT não há uma preocupação com a pré-candidatura do senador. Diz que Taques não assusta porque já está há três anos e meio em pré-campanha e ainda não é o “favoritíssimo” para o comando do Paiaguás. O senador Blairo Maggi (PR) ainda é o primeiro colocado nas pesquisas.
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