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Polícia Brasil
Sexta - 07 de Março de 2014 às 13:19

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O comandante do 19º BPM (Copacabana), Rônal Santana, foi visto circulando pelo Sambódromo com credencial da Liesa (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro). Segundo o coronel da PM aposentado Celso Pereira de Oliveira, dono da empresa MJC Eventos e Serviços, contratada pela Liga para fazer a vigilância da Avenida, o oficial, que também já foi comandante do 4º BPM (São Cristóvão) por dois anos, lhe pediu uma credencial em troca de “apoio” informal na segurança e não teria recebido qualquer remuneração pelo serviço.

Cerveja com comandante-geral

Pereira garantiu ainda que só contratou militares aposentados neste carnaval para trabalhar durante os seis dias — inclusive amanhã, durante o Desfile das Campeãs. Dependendo da patente, os contratados ganham entre R$ 800 e R$ 1,2 mil por dia.

Santana negou que estivesse fazendo “bico” de segurança. Ele contou que estava de folga no domingo e na segunda-feira e, como gosta muito de carnaval, teria pedido a credencial ao coronel Celso. Santana admitiu que levou a família para o evento com ingressos de cortesia.

— Em momento algum, eu estava trabalhando no Sambódromo. Como é que eu poderia estar trabalhando se eu estava ao lado do comandante-geral (da PM, coronel Luís Castro), inclusive tomando cerveja na pista. Eu levei a minha família. Pedi os ingressos. É a coisa mais normal do mundo. Quem não gostaria de assistir ao desfile, tendo condições de receber ingressos de cortesia? Isso é normal, não tem por que não receber. Como é que eu poderia estar trabalhando sem receber dinheiro? São coisas desconexas. Estava assistindo ao desfile — disse Santana.

O oficial contou que, durante o período de dois anos em que esteve no comando do 4º BPM (São Cristóvão), fez muitas amizades (o Sambódromo fica na área do batalhão).

— Fiz amizade com o pessoal, inclusive com o coronel Celso (Pereira de Oliveira). Eu assisti ao desfile com a credencial de trânsito livre como várias outras autoridades que estavam lá — justificou.

Sindicância investigará atuação de oficial

Na credencial usada pelo comandante do batalhão de Copacabana, tenente-coronel Rônal Santana, havia a inscrição da MJC Eventos e Serviços, responsável pela segurança do Sambódromo. Apesar de ele não estar vestindo o colete normalmente usado pelos responsáveis pela coordenação do controle do acesso à Sapucaí, o crachá o identifica como funcionário da empresa. O comando da Polícia Militar, por meio de nota, informou que, “por uma questão de transparência”, será aberto um procedimento para averiguar as circunstâncias da presença do tenente-coronel Santana no Sambódromo.

Segundo a nota, a corporação não recebeu nenhuma denúncia sobre a presença de oficiais da ativa fazendo serviços para a empresa contratada pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). A assessoria da PM alertou para o fato de que Santana “cumpriu com suas obrigações funcionais ao longo do feriado de carnaval à frente do batalhão de Copacabana”. Observou ainda que 11 oficiais foram punidos em maio de 2011, por prestarem serviços à Liesa. Em 2009, O Globo publicou que cerca de 60 oficiais da PM prestavam serviços à Liga, ou seja, faziam “bico”, o que é classificado pelo estatuto da PM como uma transgressão disciplinar.

A MJC subcontratou mais três empresas para o serviço de controle e fiscalização dos acessos e monitoramento por meio de câmeras de vigilância. Segundo o coronel Celso, há 18 anos prestando serviços à Liesa, não houve nenhum incidente no Sambódromo durante os desfiles. O coronel é uma espécie de síndico do evento e cuida de todos os detalhes para manter o local seguro. Cerca de mil pessoas trabalham para ele todos os dias de folia na Sapucaí. Até a vigilância durante os ensaios técnicos, que tiveram início no dia 5 de janeiro, ficam sob sua responsabilidade.

A assessoria da Liesa, por nota, elogiou os serviços do coronel Pereira e informou que a credencial do comandante do 19º BPM “foi concedida para acesso ao Sambódromo”, o que aconteceria também com outras pessoas de órgãos públicos.





Fonte: O Globo

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