Shopping suspende evento do Dia da Mulher após críticas Goiabeiras diz que objetivo era homenagear mulheres e não deturpar o seu papel
A direção do Goiabeiras Shopping Center, em Cuiabá, decidiu cancelar campanha publicitária focada no Dia Internacional da Mulher, após a peça, de autoria da agência Invent, ser alvo de polêmica na rede social e provocar reações do Ministério Público Estadual e da OAB-MT
O evento estava programado para ocorrer no sábado (7), das 12 às 14h, como forma de alavancar as vendas do estabelecimento.
A peça publicitária dizia “Se você sofre com TPM (Tensão Pré-Menstrual), stress e vontade súbita de dar “piti”, venha para o shopping neste sábado e descubra o melhor tratamento para este mal”.
Na manhã desta sexta-feira (7), conforme o MidiaNews antecipou, a promotora Lindinalva Rodrigues, do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, do MPE, usou o Facebook para criticar a campanha publicitária do Goiabeiras.
Ao site, Lindinalva afirmou que se tratava de uma propaganda “infeliz” e “abusiva”.
“Ela (a campanha) é infeliz e deve ser repudiada enquanto descreve todas nós como pessoas desequilibradas emocionalmente, desconhecendo que nós hoje estamos inseridas no mercado de trabalho e a maioria já é chefe de família. As mulheres também representam 51% dos eleitores desse país e nós merecemos respeito e não um tratamento dessa forma”, disse.
“Nós temos que lutar, todos os dias, contra o preconceito, que muitas vezes é velado, e dessa vez foi explícito e veio para nos denegrir. Estresse todas as pessoas, independentemente do sexo, têm. Quanto à TPM, ela é uma doença, motivo de sofrimento muitas vezes e não deveria nunca ser de chacota”, completou.
À tarde, a promotora comemorou a decisão, citando "a força da mulher".
Papel da mulher
Em nota, a direção do shopping center negou que a intenção da campanha tenha sido a de "deturpar o papel da mulher na sociedade".
O estabelecimento observou que a TPM é um “assunto comum no universo feminino” e que o objetivo da ação era homenagear as mulheres".
Confira a íntegra da nota:
"O Goiabeiras Shopping esclarece que, diante da polêmica gerada em torno da ação do Dia Internacional da Mulher, sobre um assunto tão comum no universo feminino - TPM, optou por cancelar a ação em respeito às mulheres que se sentiram ofendidas.
Contudo, ressalta que o objetivo da ação era homenagear as mulheres, e não deturpar seu papel na sociedade".
Publicidade
A Invent Comunicação, responsável pela criação da peça publicitária, também se posicionou sobre o caso. Em nota de esclarecimento, a agência informou que o intuito "em nenhum momento, foi ofender, denegrir ou discriminar a mulher".
"Pelo contrário, essa ação manteve o foco em tornar um assunto tão delicado em algo leve e de tom bem humorado, sem qualquer conotação pejorativa", diz a nota.
Ainda conforme a Invent, a área de publicidade permite a exploração da criatividade de diversas formas, respeitando as diferenças e direitos do cidadão.
"Além disso, as pessoas responsáveis pela criação e aprovação da peça são mulheres que jamais produziriam qualquer tipo de material que induzisse a uma espécie de autoflagelação", afirma
A agência também informou ao MidiaNews que, como parte de sua responsabilidade, submeteu as peças aos órgãos reguladores da publicidade nacional: Aba´p (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) e Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).
E, de acordo com ambos, a peça em questão respeita o Código do Consumidor e a integridade feminina.
“No nosso entendimento, o termo utilizado é defensável por estar bem inserido no contexto do anúncio. Além disso, não se trata de um termo que possa ser considerado ofensivo, nos dias atuais", diz trecho da análise de Mariana Sceppaquercia Leite Galvão, da Abap.
“Não existe vinculação à um gênero a partir do momento que foi utilizado o termo “se” – advérbio de condição – apresentado para filtrar o público que se identifica com a temática proposta”, afirmou Juliana Albuquerque, do Conar.
Por fim, a Invent pede desculpas aos que se sentiram ofendidos.
"Salientamos nossas desculpas com aqueles que se sentiram equivocadamente ofendidos com o cartaz, e refutamos a importância da liberdade de expressão e do direito à licença poética dentro da publicidade", completa a nota.
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