Machismo e personalismo afastam mulheres Mesmo com medidas como as cotas de candidaturas, especialista afirma que mulheres ainda precisam ser “impulsionadas” por homens nas eleições
Apesar de ser um cenário que se modifica com o passar dos anos, o atual modelo político e questões enraizadas na sociedade ainda afastam mulheres da vida eleitoral.
O machismo e o personalismo são apontados por especialistas como dois fatores que impedem uma maior participação do gênero nos processos eleitorais.
A situação ocorre mesmo diante de esforços por mudança na legislação que incentivem que elas se candidatem a mais cargos eletivos.
Eleição após eleição, os partidos políticos continuam lutando, por exemplo, para preencher a cota mínima de candidaturas femininas nas chapas proporcionais.
Para o analista político Louremberg Alves, três mulheres que atualmente figuram no ambiente político com certa representatividade são o reflexo desta realidade.
Segundo ele, as deputadas estaduais Luciane Bezerra (PSB) e Teté Bezerra (PMDB) e a candidata à deputada federal derrotada na eleição de 2010, Jaqueline Guimarães (PMDB), foram todas “impulsionadas” por homens na vida pública: seus respectivos maridos.
Alves avalia negativamente a situação. Sustenta que os “figurões” das siglas, ou seja, as maiores lideranças dos partidos, são quem determinam o encaminhamento que os demais integrantes da sigla devem seguir.
“Os partidos políticos são machistas e têm coronéis, que são os donos, os que determinam as regras. Embora haja todo um estatuto, ele fica abaixo da vontade dos coronéis. É o chamado personalismo. Infelizmente, as pessoas não conhecem os partidos, conhecem as pessoas e, se o partido é assim, o jogo político também é personalizado”, argumenta.
O analista ainda ressalta que o Fundo Partidário, ao qual todas as legendas têm direito, prevê que seja destinado 5% do valor total de seus recursos para estimular o ingresso da mulher e de novos integrantes na política. “O problema é que quem ingressa no partido não tem voz”, pontua.
No pleito de 2010, em Mato Grosso, 18 mulheres se candidataram a deputada federal. Nenhuma foi eleita. Jaqueline Guimarães, esposa do prefeito de Várzea Grande, Wallace Guimarães (PMDB), foi uma das que mais se destacaram, acumulando 30 mil votos.
Para a Assembleia Legislativa, ainda no pleito de 2010, 53 candidatas mulheres pleitearam cargos. Apenas Teté e Luciane conseguiram assumir.
Alves ressalta que uma reviravolta só pode ser esperada quando houver mudanças na formação política propiciada pelos vários grupos sociais, que vão da igreja a escola, passando pela família até as comunidades nos bairros.
“A imprensa também é fundamental. Serve de intermediário provocador do segmento social, que este vai buscar subsídios a partir das informações para formar sua opinião”, avalia.
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