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Nacional
Sábado - 15 de Março de 2014 às 20:49

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O procurador Jorge Renato Montandon Saraiva, do Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT-PE), será o responsável por investigar as denúncias de assédio moral a cerca de 30 funcionários e ex-funcionários da companhia aérea TAM. A denúncia do Sindicato dos Aeroviários de Pernambuco foi encaminhada para o MPT no dia 25 de fevereiro e a definição do procurador do caso saiu na sexta-feira (14).

De acordo com o grupo, desde 2006 eles denunciam os assédios no Canal de Ética da empresa, ferramenta na qual os funcionários podem deixar relatos sobre problemas enfrentados no trabalho. No entanto, não houve solução para o caso e, aos poucos, os denunciantes foram sendo demitidos, o que os levou a crer que as informações no Canal de Ética não eram sigilosas.

Em nota encaminhada ao G1, a TAM negou que houvesse vazamento dos relatos feitos através do Canal de Ética. Segundo o documento, a ferramenta "tem caráter sigiloso e é gerenciada por uma empresa externa, justamente para garantir a imparcialidade das informações e ao mesmo tempo assegurar a confidencialidade".

A companhia também nega "qualquer desligamento de funcionário motivado por este tema. A empresa irá apurar os fatos e prestará esclarecimento às autoridades envolvidas, caso seja comunicada oficialmente."

Relatos incluem assédio moral, sexual e homofobia

Segundo o grupo que está fazendo as denúncias, os casos mais graves foram de assédio moral e homofobia. De acordo com uma ex-funcionária, que saiu da empresa em março de 2013, o atual gerente do aeroporto do Recife fazia comentários sexuais durante as reuniões com a equipe. "Ele falava muito sobre minha boca. Ficava dizendo coisas como: 'Imagina o que você pode fazer com ela...'. Nunca pediu para que eu fizesse massagem nele ou passou a mão em mim, mas ficava me assediando verbalmente."

Já um homem de 31 anos relatou ter sofrido preconceito dentro da TAM. "Sou homossexual assumido, mas nunca falei sobre isso no trabalho. Mesmo assim, o supervisor ficava me fazendo perguntas, questionando se era ativo ou passivo. Ele também dizia que eu ficava abonando horas de outros funcionários, que eu consideraria atraentes, além de gritar 'lá vem o veado', quando eu chegava para trabalhar", disse o funcionário, afastado do trabalho por depressão e síndrome do pânico.

Pessoas que tinham funções mais altas, como supervisores, também se dizem prejudicadas. Como nem todos concordavam com a conduta do gerente, eles acabaram sendo demitidos. "Meu afastamento foi armado, pois nunca me dei bem com o atual gerente, eu o achava abusivo. Sofri perseguição e o gerente fez funcionários entrarem no Canal de Ética e fazerem denúncias falsas contra mim. Interessantemente, desta vez, o Canal de Ética da TAM funcionou", critica outro ex-funcionário.

Outra mulher, que também trabalhou na TAM, disse que uma vez foi agredida por um passageiro e o gerente disse para ela não entrar na Justiça. "A empresa não me apoiou em momento algum. Tinha vídeo mostrando o que aconteceu, mas pediram que eu não fosse adiante com isso, que deixasse para lá. Com o tempo e com outras situações como essa, comecei a desenvolver um medo de ir para o aeroporto. Não conseguia entrar lá sem meu marido", afirmou.

O grupo ainda afirma que, após as denúncias serem divulgadas, o gerente e alguns supervisores estariam fazendo funcionários assinarem uma carta afirmando que os relatos são falsos e que nunca testemunharam este tipo de comportamento. "Mas as pessoas estão assinando por medo. São cerca de 150 pessoas trabalhando pela TAM no Recife, e 30 denunciaram. É um número significativo, não estamos inventando. Uma das supervisoras fica dizendo que agora que saímos que vamos passar fome e ameaça os atuais funcionários", conta um ex-funcionário.

"O grande problema é que muita gente acha que isso é normal. Que um superior passar a mão em sua subordinada é ok. Muita gente entra na TAM como o primeiro emprego, não sabe como reagir. É um absurdo. Como uma empresa que diz ser inclusiva e justa emprega pessoas como esses gerentes e supervisores?", questiona outra ex-funcionária.





Fonte: Do G1 PE

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