Ingresso de Julier no PMDB não empolga ministro
À frente do Ministério da Agricultura, Neri Geller, representante de Mato Grosso no staff da presidente Dilma Rousseff (PT), terá um peso extra no cenário eleitoral do Estado para as eleições de 2014. Defensor do retorno do senador Blairo Maggi (PR) na disputa eleitoral deste ano, Geller avisa que sua decisão de apoio “dependerá da posição do setor do agronegócio mato-grossense”. Filiado ao PMDB e mantendo laços estreitos com Maggi, o ministro prefere não apontar “favorito” no atual quadro de pré-candidatos à liderança de chapa majoritária. Sem Maggi no embate, a simpatia do ministro pertence, por enquanto, ao senador José Aparecido dos Santos (PR), o Cidinho, ex-presidente da Associação Mato-grossense dos Municí- pios (AMM), dono de perfil municipalista.
O nome do juiz federal Julier Sebastião da Silva, prestes a se filiar ao PMDB, parece não empolgar Geller, que é cuidadoso ao analisar o quadro. “Acho que ainda é cedo e temos vários nomes que ainda precisam ser definidos. O Julier pode ser um bom nome, assim como o Lúdio Cabral. Eu sempre defendi que o senador Blairo Maggi dispute o governo, mas ele sempre me diz que não será candidato. Então, acho que temos várias possibilidades e o Cidinho seria um bom nome, pelo trabalho no Estado com os municípios”. Cidinho chegou a ser aventado nessa seara, mas ainda não está com nome posto para a corrida ao Palácio Paiaguás.
Geller é ligado intrinsecamente ao setor produtivo do Estado, o que facilita as articulações sobre o panorama político. Entidades representativas em Mato Grosso prometem fazer a diferença neste ano, ao se unir para tratar das eleições. Por isso a importância da participação dele nas discussões sobre as eleições no Estado. Ele minimiza os arranhões entre o PMDB e o PT no Congresso Nacional, apostando na possibilidade de todos caminharem juntos quando o assunto é o projeto de Dilma.
A posse dele no ministério é resultado de sua atuação como secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além de uma dose extra de apoio de Maggi e de representantes do setor de Mato Grosso, com aval de outros estados. A posição do agronegócio no processo de escolha do candidato do grupo governista, poderá provocar reavalia- ção de nomes colocados. Ele afirma que acompanhará às diretrizes do PMDB, dando sinais claros “da força a mais do agronegócio sobre o processo eleitoral”.
O ministro está focado nas ações estruturantes, assegurando inovar na área no atual exercício, com domínio sobre um orçamento de R$ 4,8 bilhões até o final da gestão. Geller espera ajudar o Estado, com foco sobre a agroindústria e o incentivo aos serviços de agregação de valores na cadeia produtiva. Reconhece as dificuldades de Mato Grosso, com graves pro- blemas de logística e de armazenagem de grãos, creditando à sua atuação a expectativa de mudanças de ordem macro.
“Acho que falta muitas vezes força política e o peso de um ministro para resolver ou melhorar uma situação. Não estou falando especificamente, mas do conjunto de ações que poderemos fazer, interligadas, para mudar isso. Quero resolver o problema do escoamento de grãos em Mato Grosso e esse assunto passará agora pelo Grupo Interministerial. Precisamos abrir novos mercados e temos possibilidades, porque recentemente estive na China. Mas será preciso uma reestrutu- ração, passando pelos portos. E nesse processo, Mato Grosso será beneficiado diretamente”.
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