Plantio se arrasta em MT Atraso na semeadura excede em cerca de 10 dias ritmo do ano passado, que também ultrapassou janela
Mais uma semana chegou ao fim, em Mato Grosso, sem que a semeadura do milho estivesse 100% concluída. Conforme levantamento divulgado na última sexta-feira, pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), dos 3,24 milhões de hectares projetados, 99% estavam cobertos com o cereal, até o dia 20.
Se os trabalhos se encerrarem neste final de semana, o atraso no plantio vai ultrapassar em cerca de 10 dias o ritmo do ano passado, já que a finalização se deu no dia 14 de março, além da ‘janela ideal’, que fechou em 25 de fevereiro e que é o período mais favorável ao desenvolvimento das lavouras, por garantir chuvas na medida para a boa formação das espigas.
Ainda conforme o levantamento do Imea, apenas as regiões norte e nordeste haviam concluído o plantio. As demais estavam e cerca de 98%. A grande preocupação do segmento com a extensão da semeadura é com relação ao clima, já que podem faltar chuvas de março em diante, de acordo com o histórico pluviométrico de Mato Grosso.
Na última semana anterior, a semeadura do milho avançou 6,16 pontos percentuais (p.p.), fechando a primeira quinzena de março com 97,7% da área prevista em Mato Grosso semeada. Da semana passada para essa o ritmo evoluiu muito pouco, mas o Imea acredita na cobertura dos 3,24 milhões de hectares. “Os produtores correm contra o tempo para finalizar o quanto antes a área que resta, na tentativa de minimizar os riscos de perdas, haja vista que 25% da safrinha estadual 2014 está sendo semeada em março, ou seja, totalmente fora da ‘janela’”.
Mas a perspectiva de uma oferta menor pode contribuir para o ganho em reais por cada saca. Como frisam os analistas, “o atraso no campo já está sendo sentido no preço do cereal”. Na semana retrasada, por exemplo – esses dados serão atualizados na próxima segunda-feira, dia 24 - o milho encerrou com média de R$ 18,73 a saca no Estado, com avanço semanal de 5%. “Com o atraso da semeadura sendo sentido de forma acentuada desde o final de fevereiro, os possíveis riscos com a safra vêm gerando alta na cotação do grão no mercado interno, que no final de fevereiro estava próxima a R$ 16/sc”.
OUTUNO CHUVOSO - O outono, que começou nesta quinta-feira, deverá ser mais chuvoso que o normal no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil, beneficiando a segunda safra de milho e culturas como algodão, café e laranja, mas trazendo problemas à cana-de-açúcar, disse o agrometeorologista Marco Antônio Santos, da Somar.
"Essa nova estação irá ter como característica a continuidade do período chuvoso no Brasil. As chuvas não deverão 'cortar' cedo este ano, pelo contrário, deverão se prolongar ao longo da estação".
Os maiores volumes deverão ser observados durante a primeira quinzena de abril. No período posterior, as previsões indicam apenas possibilidades de pancadas de chuvas.
Estados como Paraná e Mato Grosso estão terminando de plantar a segunda safra de milho, estimada em quase 44 milhões de toneladas pelo Ministério da Agricultura.
CANA - Ainda no Sudeste, as chuvas podem prejudicar o andamento da safra da cana, que já começou a ser colhida em algumas áreas que anteciparam a moagem da temporada 2014/15, com início oficialmente previsto em abril.
As usinas precisam de tempo seco para realizar o trabalho de colheita e moagem.
Para o café, há sempre a preocupação de chuvas no momento da colheita, mas Santos não acredita em grandes problemas este ano. "Para atrapalhar o café, as chuvas deveriam ocorrer no inverno, não no outono", disse.
Em 2012, lembra o especialista, houve perda de qualidade nos grãos de café, por excesso de chuvas em maio e junho.
No Sul do país, no entanto, há risco de "fortes ondas de frio", disse Santos. "Os modelos climatológicos já sinalizam a possibilidade da entrada de uma massa de ar polar de forte intensidade na segunda quinzena de maio".
Embora seja cedo para garantir a ocorrência de geadas, há um risco maior este ano, principalmente no Rio Grande do Sul, Paraná e para o Mato Grosso do Sul, disse o agrometeorologista.
Na região agrícola chamada de "Mapitoba" (Maranhão, Piauí, Tocantins e oeste da Bahia), as chuvas deverão ocorrer até meados de abril e até mesmo podendo ocorrer alguma ou outra pancada de chuva isolada em maio. (Com Reuters)
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