Precariedade da logística eleva déficit de motoristas em MT, diz Sindimat Faltam cerca de 5 mil profissionais para atender a demanda. Para empresários, falta interesse e investimento na atividade.
Dificuldades elevam o déficit de caminhoneiros em Mato Grosso para 5 mil profissionais neste ano. No país, faltam cerca de 140 mil motoristas para atender uma demanda crescente, que é provocada principalmente pelo escoamento da safra de grãos brasileira. Nesta temporada, estima-se que 188 milhões de toneladas de grãos no Brasil sejam escoados. Dessas, 46 milhões de toneladas estão em Mato Grosso, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Mato Grosso (Sindmat), Eleus Vieira de Amorim, há veículos disponíveis para fazer o transporte mas falta mão de obra capacitada para resolver esse impasse. Conforme ele, nesta safra, devido ao aumento da produção de grãos, a situação piorou. "Levamos em conta somente o que está faltando para atender os veículos que estão parados e não do investimento que o empresário pode fazer no setor", avisa.
Para o empresário do segmento, Otávio Fedrizze, falta interesse do próprio trabalhador. Além disso, destaca que as péssimas condições das rodovias atrapalham a atração de profissionais para o setor. Ele conta que chegou a ter cerca de 200 caminhões parados por falta de motoristas.
O proprietário de uma transportadora em Cuiabá, Rafael Giovelli, acredita que o déficit de mão de obra é resultado da falta de políticas públicas para a categoria. Conforme ele, os problemas da atividade, como a distância da família d os perigos das estradas, fazem com que muitos saiam da profissão até para ganhar menos. "Tem motorista que ganhava até R$ 5 mil por mês, mas largou tudo por um salário de R$ 1,2 mil", lembra. Ele explica que para impedir que muitos caminhões fiquem parados, a contratação de profissionais excede em quase 4 motoristas por veículo.
Amarildo Varela, que exerceu a atividade de caminhoneiro há 11 anos, decidiu trocar de profissão em função dos riscos. Para ele, a falta de valorização da categoria foi determinante para a escolha de novos rumos. Atualmente atuando como contador, ele diz que o rendimento atual ultrapassa os ganhos como caminhoneiro. "Me sinto mais feliz e respeitado", diz.
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