Produtores ainda esperam indenização Cerca de 900 produtores rurais retirados para a instalação da Usina de Manso bloquearam a rodovia Emanuel Pinheiro ontem

Aproximadamente 900 produtores rurais, desapropriados para a instalação da Usina de Manso, localizada em Chapada dos Guimarães (69 km de Cuiabá) bloquearam a Rodovia Emanuel Pinheiro, MT-251, na manhã desta sexta-feira (28). Os produtores protestaram contra a falta de indenização pelas terras. 

O bloqueio começou por volta das 9h da manhã, aproximadamente a 10 quilômetros do município. Em menos de 45 minutos de manifestação, o congestionamento na rodovia ultrapassava oito quilômetros de extensão. Apenas carros oficias e veículos com idosos ou crianças foram permitidos de furar o bloqueio. A rodovia foi liberada às 11h30, após o poder público intervir e pedir um prazo de 20 dias para negociar com à responsável pela usina do Manso, a empresa estatal Furnas. 

De acordo com o pequeno produtor Edimundo Paixão, um dos coordenadores do movimento, os produtores rurais foram retirados das terras há 12 mais de anos, porém até hoje, menos da metade dos proprietários foram ressarcidos. ”Das 1,6 mil famílias que moravam aqui na época, somente 620 receberam indenização pelas áreas tomadas”. 

Conforme o morador, as outras 980 famílias sequer deixaram a região por não ter condições. Ele afirmou que atualmente, as famílias vivem em uma região próxima à Chapada dos Guimarães, porém em um local que não tem as mínimas condições de vida. “Morávamos em uma terra boa e fértil. Tudo o que plantávamos dava fruto. Erámos responsáveis pela comida que Cuiabá e toda região consumia, agora fomos jogados para uma terra quase morta”. 

Segundo Edimundo, o movimento já realizou uma série de protestos, inclusive procuraram o Ministério Público do Estado (MPE) para tentar buscar outras soluções. Porém, caso não haja resposta eles irão interditar completamente a rodovia e até mesmo a entrada da Usina de Manso. 

“Temos direito de receber de Furnas o nosso dinheiro. Dedicamos nossas vidas às terras que hoje viraram água, sendo que sobrevivamos daquilo com terra fértil e plantação abundante. Queremos nosso ressarcimento, já vivemos isso há 12 anos e todo processo caminha a passos lentos”. 

Esta não é a primeira vez que os moradores protestam. Em 2010 Cerca de 800 agricultores ocuparam a hidrelétrica de Manso. Eles pressionam para o cumprimento do Termo de Acordo Global, feito em 2005, mas que até agora não teria sido cumprido. A reportagem do Diário procurou a assessoria de Furnas, mas não obteve retorno.