Automóveis encalham no Brasil e estoque é o maior desde 2008 Quantidade de veículos equivalem a 48 dias de vendas
O estoque de veículos novos nas fábricas e revendas atingiu em março o equivalente a 48 dias de vendas, a mais alta média desde novembro de 2008, no auge da crise financeira internacional, quando o crédito secou nos bancos.
Em unidades, os estoques subiram para 387,1 mil veículos, em comparação a 348,9 mil em fevereiro, o equivalente a 37 dias de vendas.
O encalhe é 60% maior do que o total de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus vendidos em março, que somou 240,8 mil unidades.
As vendas estão caindo no mercado interno por causa da alta dos juros e da volta do IPI.
Já no mercado externo, os problemas são as exportações para a Argentina, que caíram.
Para reduzir os estoques, grande parte das montadoras adotou medidas de corte de produção, como férias coletivas, suspensão temporária de contratos de trabalho, redução de turnos e até abertura de Programa de Demissão Voluntária (PDV) — caso da Mercedes-Benz, na área de caminhões.
Camimhões, o destaque negativo
O mercado de caminhões é um dos mais afetados pela queda de vendas no Brasil e nas exportações para a Argentina.
A Mercedes diz ter 2.000 funcionários excedentes na fábrica de São Bernardo do Campo, onde emprega 12 mil pessoas. O excesso de pessoal, diz a empresa, vem desde 2012 e se intensificou nos últimos meses.
Segundo o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, as empresas terão "de buscar medidas para redução dos estoques".
Além das paradas de produção, ele diz que há ações de vendas, como uma parceria com a Caixa Econômica Federal num feirão de carros com condições especiais de crédito.
Um possível pedido ao governo para adiar o último aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), previsto para julho, "ainda não foi discutido", diz Moan, mas, segundo executivos do setor, não está descartado.
Produção acompanha desânimo e cai
Com a queda nas vendas, a produção também começou a cair, registrando queda de 8,4% no primeiro trimestre, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (4) pela Anfavea.
A indústria produziu 789,9 mil veículos nos três primeiros meses do ano ante 862 mil no mesmo período de 2013, com quedas em todos os segmentos de veículos: carros e comerciais leves, caminhões e ônibus.
Apenas em março, a produção caiu 3,6% sobre fevereiro e recuou 17,6% sobre um ano antes, para 271,2 mil veículos.
Os segmentos de carros e comerciais leves e de caminhões tiveram quedas anuais de produção de 18% cada um, com o primeiro somando 254 mil unidades e o segundo, 13,7 mil.
O movimento ocorreu apesar de nova queda na participação dos veículos importados no total das vendas, que encerrou março em 16,5%, ante nível de 18,1% em fevereiro e 17,6% em março de 2013.
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