Inacabada, obra da Copa de R$ 21 milhões já apresenta falhas Placas de cimento já se encontram deterioradas dentro do canal
Quem passa pelo Córrego Mané Pinto, na Avenida Oito de Abril, no Porto, se depara com uma visão, no mínimo, curiosa: parte das placas recém-colocadas nas laterais do canal, como parte da revitalização do córrego, cederam devido ao volume de chuvas que tem caído na Capital.
A obra, que foi aditada e hoje está orçada em pouco mais de R$ 21 milhões, possui prazo de entrega reajustado para 31 de maio – às vésperas do início da Copa do Mundo em Cuiabá – e está sendo executada pela Engeglobal Construções Ltda.
Atualmente, a obra se encontra com quase 50% dos serviços concluídos, sendo que o Governo do Estado já pagou R$ 11.528.848,70 pelo serviço executado até fevereiro deste ano, quando a última medição da obra foi feita.
A deterioração de parte do concreto usado na obra pode ser visto, por exemplo, na região localizada próximo ao cruzamento da via com a Avenida São Sebastião.
"Pode até ser que aqui, onde vai ter o fluxo para a Arena, eles terminem. Mas o resto, não. É muita coisa para ser feita e o córrego é muito comprido" Moradora da região, Joana Rodrigues reclama da qualidade do serviço feito pela empresa responsável pela obra.
“Faz tempo que eles mexem aí, já arrumaram quando o concreto começou a rachar, só que não ficou perfeito. Falta acabar isso melhor. Você olha ali, está tudo ‘arrebentado’”, disse.
Não somente os moradores sofrem com o ritmo lento das obras. Gisele Guimarães, que trabalha em uma empresa de calhas localizada na Avenida Oito de Abril há oito anos, conta que o movimento caiu pelo menos 50% desde que a obra teve início, em março do ano passado.
“Garantimos serviço mais por telefone, com clientes antigos, porque fabricamos aqui e entregamos o material”, disse.
De acordo com a funcionária, a situação melhorou um pouco a partir da última quarta-feira (2), quando da finalização da pavimentação de parte da avenida devido ao jogo entre Mixto e Santos, na Arena Pantanal.
“Diminuiu a poeira e aumentou o fluxo. Aqui ficava tudo empoeirado, tudo feito, não tinha condições de fazer nada”, afirmou.
Gisele, que não acredita na finalização da obra até o início da Copa do Mundo, diz que a empresa responsável pela obra subestimou o poder da água que corre pelo canal, principalmente quando há fortes chuvas na Capital.
"Se um operário é atingido por uma ‘tromba d’água’ durante a obra na chuva, como fica?" “Pode até ser que aqui, onde vai ter o fluxo para a Arena, eles terminem. Mas o resto, não. É muita coisa para ser feita e o córrego é muito comprido. Na última chuva mesmo, ele subiu demais e o concreto não resistiu. Só quem mora aqui sabe o poder dessa água”, disse.
Obra parada
O presidente da Engeglobal, Robério Garcia, afirmou que as obras no canal estão paradas ou em ritmo lento em alguns pontos porque os operários precisam de tempo firme e seco para dar continuidade ao projeto com segurança.
“A obra será retomada depois das chuvas por motivos óbvios. Eu tenho que pensar na segurança das pessoas em primeiro lugar. Se um operário é atingido por uma ‘tromba d’água’ durante a obra na chuva, como que fica?”, argumentou.
"A mobilidade durante a Copa está garantida. Agora, a finalização da revitalização do Córrego Mané Pinto pode ser concluída apenas se parar de chover" Garcia observou, porém, que não tem dúvidas do cumprimento dado ao Governo do Estado para finalização da obra.
“O prazo de entrega até 31 de maio será cumprido. Já conseguimos avistar o porto que temos que atracar, então, estamos mais tranquilos”, afirmou.
Ao MidiaNews, o adjunto da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), Alysson Sander, confirmou que as obras dentro do Córrego Mané Pinto se encontram estagnadas desde novembro de 2013.
“De lá para cá, não foram executados serviços dentro do canal”, disse.
Segundo Sander, todo o trabalho de concretagem das placas do córrego foram feitos pela Engeglobal durante o período de seca e o que precisar de reparos deverá ser refeito pela empresa, sem ônus para a administração pública.
No entanto, ele explicou que o que é visto pela população na obra atualmente trata-se apenas da primeira camada de concreto, não do projeto finalizado.
Tony Ribeiro/MidiaNews
Obra do canal pode não ser concluída até o Mundial, segundo adjunto da Secopa “Depois daquela camada, passam um jato de concreto projetado por cima, o que dá um acabamento melhor e fica visualmente melhor. A parte de baixo de todo o córrego, chamado de fundo do canal, também é feito de concreto armado para sustentar a parte superior”, explicou.
De acordo com o secretário-adjunto, está sendo tratada como prioridade para a Copa a entrega de toda a pavimentação da Avenida Oito de Abril, com os trabalhos de esgoto, drenagem e pontilhões. Já a revitalização do canal pode não ser concluída a tempo do Mundial.
“Toda essa obra, da Avenida Beira Rio até a Avenida Dom Bosco, estará concluída, com calçamento e a acessibilidade dos pedestres. A mobilidade durante a Copa está garantida. Agora, a finalização da revitalização do Córrego Mané Pinto pode ser concluída apenas se parar de chover”, disse.
A obra
A obra toda compreende um trecho de pouco mais de 3 km e consiste em refazer toda a estrutura no reforço das laterais do Córrego Mané Pinto, a revitalização do pavimento asfáltico, em toda extensão da Avenida Oito de abril, e a implantação do coletor-tronco e sistema de abastecimento de água.
O projeto integra o pacote medidas necessárias para a melhoria do entorno da Arena Pantanal e está prevista na Matriz de Responsabilidades assinada pelos governos Estadual e Federal e a Federação Internacional de Futebol (Fifa), com vistas à Copa do Mundo de 2014.
As intervenções no local tiveram início – com atraso – em março de 2013 e, quando do projeto inicial, tinham previsão de conclusão em julho do ano passado.
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