Equoterapia tem casos de reabilitação em todo o Estado
Diariamente, Raffael dos Santos Lemes, 10 anos, olha o calendário para ver quantos dias faltam para chegar a terça-feira. Ele já decorou a data e o horário em que vai para a equoterapia e fica muito ansioso. Animado, falante e apaixonado por montaria. Quem o conhece, nem imagina como ele era introvertido há três anos. Sua mãe, Eliveth dos Santos Cardoso Lemes, conta que Raffael, que te, Síndrome de Asperger (altismo), quase não se comunicava aos sete anos de idade. Foi quando ela assistiu a uma matéria na televisão que dizia que a equoterapia ajudaria no desenvolvimento de seu filho, que é autista.
Eliveth foi até o Rancho Dourado, que é parceiro do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) no programa especial Equoterapia. “Desde aquela época, há três anos, ele é atendido pelo programa”, afirma ela.
Em agosto, o praticante de equoterapia, passou a montar na Associação Matogrossense de Equoterapia (AME) aos finais de tarde das terças-feiras. Ganhou tanta confiança que agora já conduz o cavalo sozinho em área aberta.
“Com a equoterapia, ele mudou muito. Antigamente não tinha noção do perigo, subia em escadas até a caixa d’água ou o telhado, tinha o impulso de sair em direção à rua e hoje não sobe mais escadas e me espera no portão”, conta Eliveth.
Mesmo com poucos meses de convivência, quem também notou a mudança foi a fundadora e diretora-presidente da AME, Sandra Barbosa. Ela menciona que hoje o praticante já está bem à vontade com a equipe e os animais, mas costumava ser instrospectivo, não respondia a perguntas, não olhava nos olhos dos integrantes da equipe da associação.
Depois de observar que o menino ficou mais à vontade na convivência com a equipe e os cavalos, Sandra percebeu que ele precisava de desafios e o escalou para fazer parte da equipe paraequestre de hipismo clássico, um nível acima da reabilitação. “O terceiro programa é o esportivo e estamos trabalhando para que o Raffael evolua até ele. Vamos fazer o possível para ele pelo menos conseguir a iniciação esportiva para participar de competições”, planeja. “Vemos que ele tem prazer em montar, que é o nosso objetivo maior.”
Evolução
Em Sapezal, a reabilitação com ajuda dos cavalos teve início na APAE em agosto do ano passado com 15 crianças e, em outubro, foi firmada a parceria com o Senar-MT para inclusão no programa. A psicóloga Kizi Duarte Bastos Borrere conta dois casos que surpreenderam a equipe de profissionais que acompanha os praticantes.
O primeiro é de um menino com 2 anos que apresentava uma sialorreia - salivação excessiva - bastante significativa e, logo na segunda sessão, foi percebido que, durante a montaria, ele conseguia ter controle salivar. “A sialorreia diminuiu de forma bastante significativa em um curto espaço de tempo”, diz.
Um segundo avanço foi observado em uma criança de 8 anos com altismo. A psicóloga conta que, nos primeiros atendimentos, ele tinha bastante resistência e dificuldade de aceitação do espaço. A adaptação no ambiente foi feito com reconhecimento do local, mas, mesmo com as tentativas de adaptação a essa nova rotina, ele permanecia resistente, choroso.
No quinto atendimento, ele teve a iniciativa de abrir a porteirinha e ir de encontro ao animal por conta própria. “Nesse dia, ele realmente realizou a montaria e conseguimos fazer a sessão inteira de equoterapia. Estava bastante alegre, tranquilo. Foi um dos momentos que nos deixou contentes e realizados”, narra.
A parceria em Sapezal também enche de orgulho o presidente do Sindicato Rural, Claudio Scariote, que acredita que o programa de Equoterapia traz bons frutos ao município. “Os portadores de deficiência da APAE são muito bem tratados aqui em Sapezal e com a parceria ganham um incremento para o tratamento”, diz.
A APAE de Sapezal atende 15 alunos, mas a necessidade é de atender 25 dos 50 alunos que fazem tratamento na associação, número que deve aumentar em 30% este ano, de acordo com o presidente Claudio Alberto Hermes. “Nós sabemos que o trabalho feito através da equoterapia é importante para o desenvolvimento da qualidade de vida dessas crianças. Então, agradecemos a disponibilidade que o Sindicato Rural e o Senar têm por meio de convênio, que nos ajuda a atender uma quantidade maior de alunos nesse tipo de terapia”, destaca.
Com os parceiros, o programa de Equoterapia segue adiante, com a missão de levar a oportunidade de reabilitação com a ajuda de cavalos a crianças de todo o Estado.
Programa Equoterapia
O Projeto de Equoterapia presta atendimento às crianças carentes, jovens e adultos com deficiência. Desta forma, o Senar-AR/MT conta com parcerias para o desenvolvimento de atividades em que se utiliza o cavalo no contexto biopsicossocial e educacional para atender esse público. O objetivo é garantir qualidade da assistência nos aspectos, educacional, terapêutico e social.
No Estado, o Senar-MT tem onze parceiros nos municípios de Cuiabá (3), Santo Antônio do Leverger, Várzea Grande, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, Tangará da Serra, Sapezal e Campo Novo do Parecis.
Por meio dessa parceria, em 2013, foram feitos 10.744 atendimentos no Estado.
O Senar-MT faz parte de um conjunto de entidades que formam o Sistema Famato. Essas entidades dão suporte para o desenvolvimento sustentável do agronegócio e representam os interesses dos produtores rurais do Estado. É formado ainda pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e pelos 87 sindicatos rurais do Estado. O Senar está no Twitter e no Facebook. Siga @senar_mt e curta a Fan Page (www.facebook.com/SenarMt).
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