Coxipó do Ouro pede “asfalto já” Aos 295 anos, Cuiabá esquece de uma de suas grandes potencialidades turísticas, culturais e históricas, o Distrito do Coxipó
Aos 295 anos, Cuiabá possui grandes potencialidades turísticas, culturais e históricas. Mas, nenhuma tão esquecida pelo poder público municipal e estadual como o Distrito do Coxipó do Ouro, berço da capital mato-grossense. Pelo menos é assim que se sentem os moradores da comunidade, que a menos de 60 dias da Copa do Mundo, ainda não perderam a esperança de fazer parte do repertório de legado deixado pelo Mundial.
Antigo, o grande sonho dos cerca de mil habitantes é o asfalto interligando a MT-251 (Rodovia Emanuel Pinheiro, que dá acesso a Chapada dos Guimarães) até o bairro Três Barras, cortando a vila do Coxipó do Ouro e o Arraial dos Freitas. Porém, são aproximadamente 26 quilômetros, que até hoje não fazem parte dos projetos da Prefeitura ou do Estado, especialmente, dos voltados para o campeonato mundial de futebol.
“A gente sabe que não dá para fazer tudo de uma só vez. Mas, pela sua importância histórica e potencialidade turística, o Coxipó do Ouro merecia mais atenção das autoridades públicas. Asfalto não é luxo é uma necessidade, que resulta em melhoria da qualidade de vida de uma população”, o comerciante João Alves da Costa, 45 anos, um dos moradores mais antigos do distrito.
O resultado do descaso é que o lugarejo, por onde passa o Rio Coxipó, enfrenta ano a ano a redução do número de visitantes. “Antes, faltava espaço para estacionar tanto carro. Hoje, fica vazio e a gente fica triste de ver essa situação. A gente se sente desprezada”, lamentou a moradora Maria Aparecida Santos Zampieri, de 58 anos. Ela acredita que a comunidade sofreu uma redução de até 40% no movimento turístico. Atualmente, cerca de mil pessoas visitam a localidade aos fins de semana.
Filho de Maria Aparecida, o motorista de transporte pesado, Silvano Zampieri, 37 anos, lembra que por falta de condições da estrada os veículos que fazem o transporte escolar dos alunos da Escola Municipal Nossa Senhora da Penha de França vive quebrando, o que prejudica a criança, que chegam a faltar à aula por conta do problema. “A nossa maior necessidade é o asfalto pelo menos dos braços que dão acesso à nossa comunidade”, reivindicou. A escola também enfrenta problemas de goteiras.
Zampieri se refere a três rotas opcionais que levam ao distrito, todas estradas de terra. Uma delas passa pela MT-251, levando, inclusive, à antiga “Fábrica de Pólvora do Coxipó”, instituição militar instalada em Mato Grosso no período de 1864 a 1906. O outro braço começa no bairro Três Barras, passando pela antiga Ponte de Ferro e, ainda, pela estrada que passa ao lado do Aterro Sanitário, fundo do Novo Paraíso I e II.
Desde o anúncio da escolha de Cuiabá como sede da Copa, os moradores do Coxipó do Ouro tem feito protestos e até reuniões com representantes do Governo do Estado reivindicando a pavimentação, que também beneficiaria comunidades como o Arraial dos Freitas, São Jerônimo, Colina Verde, dos Médicos, Ponte de Ferro, Recanto Tranquilo, Maria Hipólita e Recanto da Japuíra. Atualmente, vários panfletos foram afixados em pontos estratégicos da cidade pedindo “asfalto já”.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado de Transportes e Pavimentação Urbana (Septu) alegou que a estrada é vicinal, portanto, de responsabilidade da administração municipal.
Já a assessoria da Prefeitura informou que não há nenhuma previsão orçamentária para asfaltar a estrada, que deverá ser patrolada dentro de duas semanas. Nesse mesmo período, deverá ser retomada a obra de construção de ponte de concreto sob o córrego Ribeirão, que estava paralisada por conta das chuvas.
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