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Economia
Quinta - 17 de Abril de 2014 às 09:25
Por: Rodrigo Ribeiro

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Paulo Liebert/Estadão Conteúdo
Nova gasolina passou a ser distribuída obrigatoriamente a todos os postos desde o início do ano
Nova gasolina passou a ser distribuída obrigatoriamente a todos os postos desde o início do ano

Desde primeiro de janeiro, quem escolhe a gasolina começou a cuidar melhor do seu carro. O combustível passou a poluir menos, deixou os motores mais eficientes e isso refletirá em uma manutenção mais barata no futuro. Isso vale para todos que têm carro a gasolina (ou usam o combustível fóssil nos modelos flex). Até aquele vizinho desleixado passou a preservar melhor seu automóvel após o início da comercialização da nova gasolina no Brasil.

A mudança silenciosa e gradual — que marcou o início de 2014 — é fruto de uma nova legislação, que obrigou a redução drástica no teor de enxofre da gasolina. Até o fim de 2013, era permitido um combustível com até 800 ppm (partes por milhão) do fétido elemento químico. Agora, o máximo de enxofre tolerado na gasolina é de 50 ppm, resultando em diversas melhorias — inclusive para o bolso do consumidor.

Terror dos postos de gasolina

Refinada pela Petrobras e revendida no País inteiro, a nova gasolina "judia" menos do motor e aproxima o Brasil do que é oferecido nos mercados europeus. Engenheiro e supervisor de relações públicas da Honda no Brasil, Alfredo Guedes explicou as mudanças ao R7 Carros.

— Com o teor de enxofre menor, haverá uma melhoria no nível de emissões e no consumo de gasolina. A carbonização dentro do motor também será reduzida.

Na prática, você precisará ir menos ao posto de combustível, seja para abastecer ou trocar o óleo. A alteração do plano de manutenção, porém, é algo que somente a fabricante pode recomendar, como explica Guedes.

— O intervalo para a manutenção básica [troca de óleo e filtros] é especificado pelas montadoras de acordo com cada modelo e não deve ser prolongado sem estudos, o que não ocorrer nos próximos anos.

Segundo Guedes, a nova gasolina permitirá uma menor contaminação do fluido lubrificante, mas as fabricantes ainda devem fazer análises para permitir um possível aumento no tempo para as trocas de óleo e filtro. Hoje, o intervalo médio varia de 5 mil a 10 mil quilômetros, dependendo do tipo de automóvel e de seu uso.

As vantagens serão mais sutis nos modelos dotados de tecnologia de ponta (como injeção direta e turbo), já que os sistemas eletrônicos adaptam o motor a diversos tipos de gasolina.

Melhor para os velhinhos (bem cuidados)

As vantagens da nova gasolina serão proporcionalmente maiores de acordo com a idade do veículo. O motivo para isso é justamente o abismo tecnológico entre os automóveis, como explicou Leandro Benvenutti, especialista em combustíveis da Ford do Brasil.

— Como os carros equipados com carburador não conseguem obter uma combustão tão eficiente quanto a dos modelos com injeção eletrônica, eles são muito mais sensíveis a combustíveis de melhor qualidade.

A vantagem, porém, pode virar problema se o motor não estiver no melhor de seus dias. A culpa, neste caso, é justamente da temida carbonização provocada pela gasolina ruim, como detalha Guedes.

— Em motores antigos a carbonização compensa eventuais folgas nas peças internas. Retirar ou diminuir alguns desses depósitos pode criar tolerâncias que não existiam antes, provocando ruídos e até perda de desempenho. Estes casos, porém, são excepcionais.

Felizmente a lista de vantagens da nova gasolina supera de longe os raros problemas que o novo combustível pode provocar. Até porque a adoção desse novo combustível é obrigatória.

Evolução compulsória

Assim como ocorreu com o diesel, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) proibiu a comercialização de gasolina superior a 50 ppm de enxofre. E era para ser ainda melhor: a ideia era estrear o novo combustível com a obrigatoriedade de aditivos, mas problemas burocráticos levaram a prorrogar essa próxima mudança para 2015.

Ou seja: a partir do próximo ano, toda gasolina será aditivada, assim como já ocorre nos EUA.

Essa equalização do combustível vendido aqui com o que é oferecido lá fora é mais uma vantagem, mas quase invisível para os consumidores. O benefício, desta vez, será para as montadoras, que conseguirão adaptar melhor seus carros importados para os exclusivos combustíveis brasileiros — o país é o único no mundo a comercializar gasolina misturada com etanol (E25) e etanol puro (E100).

Esse detalhe, aliás, é óbvio, mas não deve ser esquecido: as vantagens da nova gasolina somente são válidas para carros que queimam esse combustível. O motivo é que o etanol não possui nenhuma parte de enxofre em sua composição, motivo pelo qual o biocombustível é menos poluente que a gasolina.

Porém, até mesmo os fãs do etanol serão impactados indiretamente pela novidade: com prazo de validade maior, a nova gasolina não envelhece tão rápido no tanquinho de partida a frio, dispensando o uso da Podium, que até 2013 era a única opção saudável para o compartimento extra. De um jeito ou de outro, essa revolução silenciosa impactará em todos (os tanques) dos automóveis do Brasil.





Fonte: Do R7

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