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Internacional
Segunda - 28 de Abril de 2014 às 11:56

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AFP
Sobreviventes aguardam novas informações sobre desaparecidos
Sobreviventes aguardam novas informações sobre desaparecidos

As causas do naufrágio da balsa Sewol na Coreia do Sul, ocorrido no último dia 16, ainda não estão esclarecidas. Falta de decisões por parte do capitão e obediência cultural dos coreanos podem ter sido decisivas no aumento do número de mortos.

A Procuradoria-Geral do país já acusou de homicídio por negligência e violação das leis marítimas 11 tripulantes resgatados, mas familiares ainda acreditam que possa haver sobreviventes.

O navio foi deslocado de sua rota original, o que pode ter comprometido sua estabilidade. 152 pessoas continuam desaparecidas, em sua maioria, estudantes entre 16 e 17 anos.

Para o especialista em Gerenciamento de Riscos e Segurança, Gerardo Portela, no incidente houve uma falha humana relacionada com a tomada de decisões erradas no momento crítico da emergência. Em entrevista ao R7, Portela disse que houve uma falha gravíssima por parte do capitão.

— Durante um naufrágio existe uma dúvida entre colocar as pessoas no mar, que é um cenário de risco, uma vez que sobreviver no mar é muito complicado, ou manter o navio o maior tempo possível até que o socorro chegue.

Portela explica que o capitão deveria ter, no momento em que percebeu o dano na embarcação, decretado Operação de Abandono, que consiste em uma reunião de todas as pessoas a bordo em um ponto de encontro seguro, com coletes, aguardando instruções para abandonar o navio de forma organizada.

Para ele, pode ser que o capitão tenha tido boa intenção de não desembarcar pessoas na água ou no único bote salva-vidas, mas ainda assim errou. O capitão não tinha tempo para decidir.

— A única chance de sobrevivência seria realmente tirar as pessoas, do jeito que fosse possível naquele momento.

Muitos sobreviventes do naufrágio relataram que havia um comando no navio para que permanecessem em seus lugares. Eles diziam que as pessoas que possivelmente obedeceram ao capitão ainda estão desaparecidas.

Quando questionado sobre a obediência destas pessoas, Portela explica que são dois pilares que causam acidentes gerados por falhas humanas. Um dos fatores diz respeito às falhas humanas em si e o outro é sobre a cultura de segurança do local onde acontece o problema.

A cultura de segurança, segundo Portela, é influenciada pela cultura geral, pelas características do povo, pelos hábitos e até por questões religiosas.

— Há na cultura da Coreia e em alguns países do Oriente uma visão de obediência em demasia. Isso faz parte da formação. Desde a escola eles são treinados para confiar e obedecer. Infelizmente, nem sempre existem relatos de sobreviventes que obedeceram. O que mais salva vidas é entender o que está acontecendo.

Em comparação com a explosão em Fukushima, Portela diz que os executivos enviaram diversos relatórios sobre os problemas da usina, e receberam instruções de superiores de que não se tratava de nada importante. Para o especialista, eles se calaram pelas questões culturais já citadas.

Já no caso do naufrágio do cruzeiro Costa Concordia, que colidiu com uma rocha na Itália, Portela afirma que nem sempre quem obedece sobrevive. No caso italiano, cada grupo de pessoas agiu da forma como acreditava ser melhor, a partir do momento em que o capitão abandonou o navio.

Portela aborda o assunto em seu livro “Gerenciamento de Riscos Baseado em Fatores Humanos e Cultura de Segurança”, e afirma que a lição que fica é que nem sempre obedecer às regras é a saída.

Existem sobreviventes? Como tirá-los de lá?

O especialista acredita que possa haver sobreviventes porque o navio demorou a afundar, o que pode ter criado bolsas de ar. Nesses locais pode haver alimentos, temperatura suficiente para sobrevivência e ar. Mas ele alerta que a ação do tempo é cruel. “Chega um momento em que a desorientação, o estresse e o cansaço podem gerar outros problemas. Infelizmente, o tempo trabalha contra”, afirma.

O uso de guindastes flutuantes para sustentar a embarcação é a melhor alternativa. Porém, segundo Portela, a embarcação deve ser movida vagarosamente para que não haja movimentos bruscos, capazes de dizimar prováveis sobreviventes.





Fonte: Do R7*

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