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Internacional
Terça - 06 de Maio de 2014 às 20:51

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O lobby do Hotel Lido, em Pequim, estava na última sexta-feira (2) repleto de parentes que relutavam em se despedir. Após oito semanas de busca pelo voo MH-370, da Malaysia Airlines, nada foi encontrado até agora.

E chineses que perderam entes queridos no voo tiveram de desocupar o Hotel Lido, ponto de encontro desde a tragédia, em março.

— Nos mandar para casa é muito irresponsável — queixava-se à BBC Lu Zhanzhong, cujo filho mais velho era passageiro no MH-370.

Autoridades governamentais de Dingzhou, cidade natal de Lu, insistiram em transportá-lo de volta para casa na própria sexta-feira, junto de sua família.

Mas ele disse que não ficará lá por muito tempo.

— Ouvi dizer que cerca de 80 parentes ainda estão hospedados em hotéis em Pequim — afirmou — Quero encontrá-los. Precisamos nos reunir com autoridades da Malaysia Airlines e do governo chinês.

Dezenas de parentes insistem que os passageiros a bordo do MH370 ainda estão vivos, em algum lugar. Eles estão convencidos de que as autoridades malaias foram ineficientes nas buscas pelo avião desaparecido.

Reações

Outros parentes, porém, reagiram de forma diferente à perda: já haviam deixado o Hotel Lido semanas atrás, explica o psicólogo Paul Yin.

Ele e seus colegas estão oferecendo apoio psicológico a 30 das famílias que perderam entes queridos no voo.

— Nos primeiros dias, foi útil para as famílias permanecer no hotel porque elas estavam com pessoas que as entendiam, se sentiam mais confortáveis — diz — Mas, depois de um tempo, se torna mais útil que voltem para casa. Lentamente, retomar as rotinas familiares as ajudará a se distanciar dos dois últimos meses. Tomara que comecem a se sentir melhor.

Algumas famílias começam a seguir adiante, ainda que continuem sem saber o que aconteceu com o MH-370.

No mesmo fim de semana em que Lu Zhangzhong e outros relutantemente voltaram para casa, uma outra família se reuniu para um evento muito diferente: um casamento.

O noivo perdeu seu melhor amigo de infância (e a mulher deste) no voo MH-370. O casal viajava para Pequim justamente para se encontrar com o amigo.

O casamento foi adiado mas acabou acontecendo. O psicólogo Yin foi convidado à assistir à cerimônia.

— Foi uma experiência muito tocante — diz ele.

Num futuro próximo, Yin vai a outro casamento: o de um homem que perdeu seus pais no acidente aéreo. Os pais faziam uma volta ao mundo antes de rumar a Pequim para o casamento do filho.

— Sugeri ao jovem casal que terminasse a viagem dos pais dele e, ao concluí-la, fizesse uma pequena cerimônia privada — diz o psicólogo — É isso o que eles estão planejando agora.





Fonte: BBC Brasil

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