Protegendo boneco inflável, polícia entra em confronto com manifestantes; veja vídeo
Naturalmente, nenhum dano ao patrimônio público ou à propriedade privada são legítimos em um ambiente democrático de direito. Esta ressalva precisa ser feita na análise do caso seguinte, em que ativistas protestavam contra a colocação de um boneco inflável (o tatu-bola mascote da Copa do Mundo de 2014) em uma praça de Porto Alegre. O protesto ocorreu no seguinte contexto:
Os manifestantes ocuparam a Praça Montevidéu, em frente à prefeitura de Porto Alegre desde o início da noite, com faixas contra a prefeitura. Não havia, no entanto, manifestações claras a favor de candidatos nas eleições municipais.
Do outro lado da rua, viaturas do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar e motos cercavam um boneco inflável do tatu-bola, mascote da Copa do Mundo de 2014. O largo, recentemente, foi adotado por uma empresa de refrigerantes, que instalou o boneco, chafarizes automáticos, calçadas e rede wi-fi no largo.
Na noite anterior, um balão inflável da mesma empresa de refrigerantes, que patrocinou a reforma do Auditório Araújo Vianna, foi queimado após o show do cantor e compositor Tom Zé.
Como se vê, a manifestação era contrária à privatização do espaço público, simbolizada pelo boneco que a Coca-Cola montou no centro da praça. Ao redor do boneco, o Governo resolveu posicionar policiais militares, que mais pareciam defender algum templo sagrado. De repente, os ânimos se exaltaram, a violência e a depredação iniciaram:
Dentre todos os elementos que podem ser discutidos em momentos assim, o que agora nos chama a atenção é a natureza dos bens jurídicos que são postos como centrais nos esforços e dedicações das polícias. Como instituições com justificativa existencial pública, não é demais indagar sobre como se deve interpretar a designação de tal aparato policial para a defesa de um boneco de plástico. Mais: expor policiais ao confronto com manifestantes, e expor manifestantes ao confronto com policiais, em um jogo de interesses que não haveria de ter outro resultado.
Uma coisa é certa: os maiores interessados na integridade do boneco estavam bem longe do local onde se deu o confronto.
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