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Internacional
Sexta - 09 de Maio de 2014 às 17:46

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AP
Menino indiano defeca ao ar livre em um bairro de Nova Déli, em novembro de 2012. 600 milhões de pessoas defecam em público no país
Menino indiano defeca ao ar livre em um bairro de Nova Déli, em novembro de 2012. 600 milhões de pessoas defecam em público no país

Um bilhão de pessoas em todo o mundo ainda defeca ao ar livre e precisa ser informadas de que isso leva à disseminação de doenças fatais, disseram especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira no lançamento de um estudo sobre água potável e saneamento.

"'Excremento', 'fezes', 'cocô', eu podia, talvez, até dizer 'merda'... são as principais causas de tantas doenças", afirmou o coordenador de questões sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS, na sigla em inglês), Bruce Gordon.

Sociedades que praticam a defecação em público - correndo risco de contrair cólera, diarreia, disenteria, hepatite A e febre tifoide - tendem a ter grandes disparidades de renda e os maiores índices mundiais de mortalidade de crianças menores de cinco anos.

As tentativas de melhorar o saneamento entre os mais pobres sempre deram enfoque à construção de latrinas, mas a ONU diz que o dinheiro foi literalmente pelo ralo, e que as atitudes, não a infraestrutura, precisam mudar.

"Com toda a honestidade, os resultados têm sido aterrorizantes", disse o estatístico do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Rolf Luyendijk.

"Há muitas latrinas que foram abandonadas, ou nunca usadas, ou usadas como depósitos. Podemos achar que é uma boa ideia, mas se as pessoas não estão convencidas de que é boa ideia usar uma latrina, eles têm um cômodo extra".

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Muitos países fizeram grandes progressos para lidar com o problema. Vietnã e Bangladesh - onde mais de uma em cada três pessoas defecavam em público em 1990 - erradicaram a prática totalmente até 2012.

Em 1990, o número global era de 1,3 bilhão de pessoas. Mas 1 bilhão, sendo que 90 por cento vivem em áreas rurais, "continua a defecar em sarjetas, atrás de moitas ou em córregos de água, sem dignidade ou privacidade", relatou o estudo da ONU.

A prática ainda está aumentando em 26 países da África subsaariana. A Nigéria é o pior caso, com 39 milhões de pessoas nestas condições em 2012 em comparação a 23 milhões em 1990.

Embora a prevalência da defecação em público esteja em declínio, é muito comum em populações de crescimento acelerado, de forma que o número de praticantes não está diminuindo tão rápido.

O país com o maior número é a Índia, com 600 milhões de pessoas defecando em público. A abordagem indiana, mais inclinada ao "deixa para lá", contrasta com a estratégia mais bem sucedida de Bangladesh, que deu grande ênfase ao combate a doenças transmissíveis pela água desde os anos 1970, disse Luyendijk.

"O governo indiano, de fato, destinou grandes quantidades, bilhões de dólares, para o saneamento para os mais pobres", afirmou.

"Mas isso foi desembolsado do nível central para as províncias, e depois todas elas tiveram seus próprios mecanismos de implementação. E, como seus próprios dados mostraram, aqueles bilhões de dólares não chegaram aos mais pobres", acrescentou Luyendijk.





Fonte: Terra

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