Delegado intima testemunhas da morte de trabalhador Serviços de energia seguem suspensos no estádio, por determinação do MTE

A Polícia Civil começou a intimar, n segunda-feira (12), as testemunhas do acidente ocorrido na última quinta-feira (8), na Arena Pantanal, e que resultou na morte do operário Muhammad’Ali Dom Paolo Nicholas Poseidon Maciel Afonso, 32.

Ele prestava serviços para a Etel Engenharia Montagens e Automação Ltda., empresa integrante do Consórcio CLE, responsável pela instalação dos equipamentos de Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC) do estádio.

Designado na sexta-feira (9) para investigar a morte, o delegado Antônio Esperândio espera dar início à tomada dos depoimentos nesta terça-feira (13), uma vez que as testemunhas arroladas no Boletim de Ocorrência são todos trabalhadores na construção do estádio.

"São vários os questionamentos a serem feitos, por exemplo, se a vítima estava usando o equipamento correto e se estava trabalhando no local designado pela função"

De acordo com Esperândio, uma vez que o laudo da necropsia aponta que a causa da morte foi asfixia causada por choque elétrico – confirmando se tratar de um acidente –, o inquérito deverá apurar se houve negligência e se alguém poderá, ou não, ser responsabilizado pela morte de Muhammad’Ali.

“São vários os questionamentos a serem feitos. Por exemplo, se a vítima estava usando o equipamento correto e se estava trabalhando no local designado pela função”, informou.

A Polícia Civil também aguarda a conclusão e o envio do laudo pericial que está sendo elaborado pela Politec e tem prazo de conclusão de 15 a 30 dias.

Serviços suspensos

Após a morte do operário, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determinou a interdição das atividades de manutenção e intervenção em linhas energizadas da Arena Pantanal.

Segundo o órgão, a medida foi tomada a fim de evitar novos acidentes no local.

De acordo com o chefe de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTR-MT), José Almeida, a proibição será mantida até que a empresa Etel Engenharia comprove haver segurança operacional para execução das atividades pelos demais operários.

"O que aconteceu nesse setor pode acontecer em outro porque não há um procedimento de trabalh" “O que aconteceu nesse setor pode acontecer em outro porque não há um procedimento de trabalho”, disse.

Segundo a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), os trabalhos de instalação elétrica estavam na fase final, passando apenas por ajustes e acabamento.

De acordo com a pasta, caso a Etel encaminhe imediatamente os documentos solicitados e o serviço seja liberado, não deverá haver prejuízo do cronograma de entrega do estádio para controle da Federação Internacional de Futebol (Fifa), agendado para o próximo dia 23.

O acidente

Tony Ribeiro/MidiaNews

Operário faleceu na quinta-feira, após sofrer descarga elétrica na Arena Pantanal Segundo informações preliminares, Muhammad’Ali trabalhava na instalação de uma luminária em um corredor do nível 20 do setor Leste da Arena Pantanal, na manhã de quinta-feira, quando teria sofrido uma descarga elétrica de 380 volts.

Testemunhas disseram que o operário caiu de uma altura de aproximadamente um metro e meio.

No mesmo dia, o secretário da Copa, Maurício Guimarães, afirmou que o operário não usava luvas no momento do acidente, mas que portava os demais equipamentos exigidos.

A família levantou a possibilidade de que o operário não teria sido contratado para atuar como eletricista, o que configuraria desvio de função.

“Se ele era eletricista, se era apto ou não, só a perícia vai dizer. E quando tivermos essas informações, não vamos nos furtar a tomar as medidas que forem necessárias, se for caso de negligência ou qualquer outra coisa. Esses assuntos da relação trabalhista deve ser tratado diretamente com a empresa e nós vamos cobrar dela se houver qualquer tipo de irregularidade ou anomalia”, disse o secretário, na ocasião