Pesquisadores ao redor do mundo criticam a avaliação internacional PISA Signatários criticam a ligação da OCDE, idealizadora do exame, com instituições privadas para a aplicação do exame
Em uma carta publicada pelo jornal The Guardian esta semana, mais de 80 pesquisadores ao redor do mundo manifestaram preocupação com o impacto do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), organizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), nas formas de avaliação das redes de ensino internacionais.
Segundo os pesquisadores, o Pisa tem contribuído para o crescimento da criação de exames quantitativos — e não qualitativos— nas redes educacionais pelo mundo.
Dentre os educadores e pesquisadores que assinam a carta no âmbito internacional, estão: Harvey Goldstein, estatístico britânico dos estudos multiníveis, Peter McLaren, professor da Universidade da Califórnia, Diane Ravitch, professora da Universidade de Nova York, Stephen J. Ball, professor da Universidade de Londres e Henry Giroux, docente e criador da teoria da pedagogia crítica nos Estados Unidos.
No Brasil, o documento ganhou repercussão entre educadores que são contrários à política de avaliações externas como principal forma de medição do aprendizado dos alunos.
Críticas
— Na política de educação, o Pisa, com seu ciclo de avaliação de três anos, tem causado mudança de atenção em direção a correções de curto prazo destinadas a ajudar um país a subir rapidamente no ranking, apesar da pesquisa mostrar que as mudanças duradouras na prática da educação levam décadas, não alguns anos, para serem concretizadas, diz trecho da carta.
— Finalmente, e mais importante ainda: o novo regime do Pisa, com seu ciclo contínuo de teste global, prejudica nossas crianças e empobrece nossas salas de aulas, uma vez que, inevitavelmente, envolve mais e mais longas baterias de testes de múltipla escolha, mais aulas comerciais prontas e menos autonomia para os professores. Desta forma o Pisa aumentou ainda mais o já elevado nível de estresse nas escolas, o que põe em perigo o bem-estar dos alunos e professores, diz outra parte do documento.
Os signatários também criticam a ligação da OCDE, idealizadora do exame, com instituições privadas para a aplicação da prova em diversos países.
— Como uma organização de desenvolvimento econômico, a OCDE está naturalmente enviesada a favor do papel econômico das escolas públicas [estado], escrevem.
O exame
Criado nos anos 2000, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, sigla em inglês) é uma iniciativa internacional de avaliação comparada, aplicada a estudantes de 44 países. São avaliados alunos entre 12 e 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria das nações.
O programa é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em cada país participante há uma coordenação nacional. No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
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