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Policia MT
Segunda - 19 de Maio de 2014 às 20:27

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Em Cuiabá e Várzea Grande não existem apenas grupos de extermínios, alguns integrados, inclusive por ex-policiais civis e miliares que formam milícias armadas, também existem matadores de aluguel, que são os assassinos pagos para matar em crimes de encomenda, vingadores, justiceiros e pessoas simples que tem suas famílias abaladas e destruídas por bandidos, principalmente traficantes e latrocidas: assaltantes que matam para roubar. A afirmação exclusiva é de um homem de 38 anos que se identificou como “Sombra”, integrante de um grupo de extermínio que age aleatoriamente em Cuiabá e Várzea Grande.

Quatro pessoas foram assassinadas neste final de semana, todas executadas. Maio já registrou 33 assassinatos, sendo 30 homicídios e três latrocínios. Dos 30 homicídios, 26 foram “execuções sumárias”. Crimes onde as vítimas são “encomendadas” e pegas de surpresas.

Exigindo apenas não ser identificado, nem mesmo por seu verdadeiro apelido, o homem que pediu para ser chamado de “Sombra” fala com exclusividade à reportagem do Portal de Notícias 24 Horas News e conta tanto a sua história de matador, como explica como funciona o esquema de mortes encomendadas em Cuiabá e Várzea Grande.

“Eu costumo agir sozinho, mas em alguns casos preciso de um parceiro de muita confiança. Preciso daquele parceiro que morre, mas não entrega ninguém”, começa. Faz um silêncio e volta a falar: “Geralmente nos vamos ao local de moto. O parceiro para, eu desço e começo a atirar no cara já previamente investigado. Geralmente minhas vítimas são bandidos. Bandido que antes só roubavam, mas que também começaram a matar, tanto em assalto (latrocínio), como seus próprios comparsas”.

Questionado sobre como os pistoleiros chegam às vítimas, Sombra foi cauteloso, mas sem deixar de responder cem por cento a pergunta. “Ninguém morre por acaso, nem por perseguição. Podemos até errar de alvo e matar outra pessoa que não esteja na lista negra, mas isso, no nosso caso é muito difícil. Eu nunca matei um inocente. O cara morre porque já matou uma ou mais de uma pessoa, como assaltante, arrombador ou como traficante. Pessoas cujas famílias lutavam para retirá-las do mundo do crime, mas que acabam sendo mortas antes de uma tentativa de recuperação. Morre também quem mata, principalmente pessoas inocentes”, afirma.

A reportagem também questionou a diferença entre grupos de extermínios, vingadores e justiceiros? “Eu quando vou sozinho para matar alguém, vou como justiceiro. Quando vão eu e um parceiro, somos exterminadores. Igual a vingador, que mata para se vingar de alguém que foi morto, inocente ou não, a maioria parente, mas também os vingadores matam para vingar amigos assassinados”, explica.

Sobre os grupos de extermínios com ligações diretas e indiretas com policiais da ativa, policiais aposentados e ex-policiais expulsos da Polícia Militar e da Polícia Civil, Sombra foi ainda mais cautelo, mas sem deixar de responder. “Meu amigo, a Polícia que vai investigar o caso de um crime de execução praticado por grupos de extermínios que nós chamamos de oficiais, pode não saber quem foram as pessoas que atiraram, mas sabe muito bem de que tipo de grupo se tratas. Sabe porque a ação é diferente. Eles dificilmente, principalmente quando vão matar mais de uma pessoa, usam moto. A maioria deixa marca que só os policiais e ex-policiais sabem deixar, como se estivessem assumindo a autoria ”, conta.

“Aquele caso das cinco pessoas executadas no bairro São Mateus, em Várzea Grande é um dos exemplos típicos de execução sumária com a marca oficial de uma milícia integrada por policiais e ex-policiais. Os caras estavam usando até coturnos. Lá foram mortos bandidos, mas também pessoas inocentes”, ilustra.

Para finalizar, Sombra conta os casos de pessoas que estão agindo por pura vingança. Pessoas que muitas vezes investigam os casos onde seus parentes ou amigos foram mortos, mas na hora de matar agem sozinhas, justamente para não deixarem pistas. “A Polícia sabe tudo sobre cada caso. Sabe que tipo de execução e quem são seus grupos. Muitas vezes sabe até quem são os autores”.

Sombra, que já foi entrevistado no início de janeiro de 2011, quando afirmou que mais de 250 pessoas seriam executadas em Cuiabá e Várzea Grande. Fato confirmado no final do ano pela Polícia, voltou a ser entrevistado do mesmo jeito. Chegou vestido totalmente de roupa preta, com um capuz, tendo um óculos escuro por cima do capuz e com um boné, também preto, por cima do capuz. Essa é a Parte-1 de uma séria de três reportagens com "Sombra".





Fonte: 24 Horas News

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