Maggi teria avalizado R$ 4 milhões para Sérgio Ricardo
O ministro Dias Tofolli, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou em sua decisão, que autorizou a prisão de Eder Moraes e do deputado José Riva (PSD), que documentos apreendidos pela Polícia Federal, e as declarações do empresário Júnior Mendonça, comprovariam o pagamento de R$ 4 milhões para a compra de uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).
Por meio de “delação premiada”, para reduzir sua eventual pena perante a Justiça, Mendonça contou que, em 2009, o então governador Blairo Maggi (PR), obteve dele, por meio de Eder Morais, R$ 4 milhões para pagar o então conselheiro Alencar Soares.
Alencar Soares teria recebido o dinheiro das mãos de Júnior Mendonça, a pedido, e na presença, de Eder Moraes, que, por sua vez, agiria “no interesse e a mando de Blairo Borges Maggi”.
Segundo os autos, Sérgio Ricardo, então deputado estadual, já teria pago R$ 4 milhões a Alencar, pra que ele deixasse a vaga.
O repasse a Alencar Soares teria servido para que pudesse devolver a Sérgio Ricardo os R$ 4 milhões anteriormente dele recebidos – e, alegadamente já gastos.
O pagamento dessa segunda vantagem foi feito pela empresa Globo Fomento Ltda., de Júnior Mendonça.
“Cachorro-grande”
Em depoimento, Júnior Mendonça alegou que soube do contexto da venda da vaga ainda no gabinete do conselheiro Alencar Soares, tendo entregue a ele o cheque de R$ 2,5 milhões para “quitação do empréstimo”.
Segundo Mendonça, Maggi teria assumido o compromisso de quitar o empréstimo posteriormente.
Às autoridades, Mendonça disse que “este compromisso de Blairo Maggi a Alencar ocorreu durante viagem que fizeram, no ano de 2009, à África do Sul".
Segundo ele, durante a viagem, Maggi teria questionado a Alencar o motivo de estar saindo do TCE, antes de sua aposentadoria. Alencar teria relatado a Maggi que já teria recebido, como adiantamento, um pagamento parcial, de R$ 2.5 milhões, do então deputado Sérgio Ricardo, bem como já teria gasto o valor.
Junior contou que somente ficou sabendo desse contexto do empréstimo já no interior do gabinete, e na frente, de Alencar Soares. E que se sentiu “desajeitado”, pois viu que estava entrando em uma “briga de cachorro-grande” e, por isso, entregou o cheque.
Cobrança: quatro vezes
Mendonça disse ainda que, embora nunca tenha se reunido para emprestar recursos diretamente a Maggi, se reuniu com ele em quatro oportunidades, para confrontá-lo a respeito do pagamento pelo empréstimo.
O primeiro encontro teria acontecido na sede do grupo Amaggi, a seu pedido, para cobrar o empréstimo referente a Alencar Soares.
Mendonça disse no depoimento da dificuldade que teve em agendar uma reunião com Maggi, já que ele estaria “blindado”. Por isso, recorreu ao seu falecido sogro, Ary Campos, ex-presidente do TCE-MT para agendar reunião com Maggi.
Maggi teria ficado “surpreso” com a presença de Mendonça, e questionado a razão pela qual não agendou.
O segundo encontro entre Mendonça e Maggi teria ocorrido na sala das comissões, no Senado Federal, em Brasília, em conjunto com Fernando Mendonça (também investigado pela Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro).
“Junior se encontrou com Maggi e, novamente, questionou sobre quando ocorreria o acerto da dívida. E, mais uma vez, Maggi disse que iria ver como resolveria a situação”.
O empresário disse que a cobrança foi realizada na presença de Fernando Mendonca, vez que este também teria credito a receber. Ele afirmou que, ao final da conversa, ele é Fernando passaram no gabinete de Taques, porém esse não estava presente, e decidiram almoçar e retornar a Cuiabá.
Mendonça disse ainda, em seu depoimento, que o terceiro e quarto “confrontos” entre ele e Maggi, para a cobrança dos valores referentes à transação envolvendo Alencar Soares e Sérgio Ricardo, aconteceram na seda do Grupo Amaggi. Destas vezes, ele disse que agendou os encontros diretamente com Maggi.
Comentários