José Riva diz que pedido de prisão teve cunho político Deputado atribui acusações do MPF a uma suposta articulação do senador Pedro Taques, ex-procurador da República e seu adversário político
O deputado estadual José Riva (PSD) atribuiu a uma suposta articulação política do senador Pedro Taques (PDT) o pedido de prisão preventiva contra ele cumprido na última terça-feira (20) durante a quinta fase da operação Ararath.
Para o deputado, o envolvimento do senador – que é pré-candidato ao governo - nos “bastidores” de sua prisão é um fato, tendo em vista que Taques é ex-procurador da República e, por isso, teria influência sobre membros do Ministério Público Federal (MPF).
Embora Taques apareça com vantagem em relação aos demais pré-candidatos ao Paiaguás nas pesquisas de intenção de votos, de acordo com Riva, as supostas movimentações do senador teriam o objetivo de “liquidar” os adversários da disputa eleitoral.
Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (26), Riva afirmou ainda que a delação premiada que beneficiou o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça - apontado como pivô do esquema investigado - fora acordada após uma reunião com o advogado José Santoro, ex-procurador da República e, segundo o deputado, amigo pessoal de Taques. Santoro também seria advogado de Fernando Mendonça, outro envolvido na Operação.
Ainda de acordo com o parlamentar, a procuradora Vanessa Scarmagnani teria afirmado no pedido de prisão, posteriormente sustentado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, que, além de estar afastado da presidência da Assembleia Legislativa, Riva não estaria exercendo o mandato de deputado.
O argumento, inclusive, foi o que motivou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli a revogar a ordem de prisão. Ele alegou ter sido induzido a erro, já que, por ser deputado, Riva não poderia ter sido preso, a menos que fosse pego em flagrante delito.
Por conta disso, os advogados do deputado estudam adotar medidas, como uma representação junto à Corregedoria do MPF, contra a procuradora.
Outro fator que teria contribuído para sua prisão, segundo Riva, é que a Polícia Federal teria informado ao MPF ter dificuldades de encontrá-lo para diligências.
“Nos últimos 60 dias, eu dei dois depoimentos à Justiça Federal e um ou dois à Polícia Federal, então essa é a tamanha dificuldade que têm de me encontrar?!”, ironizou o deputado, acrescentando que as informações prestadas à Justiça pelo MPF foram “maliciosamente distorcidas” e que tem convicção da ilegalidade de sua prisão.
Riva foi liberado na sexta-feira (23). Ele responderá em liberdade sobre seu envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro e crimes contra a ordem financeira investigados pela Polícia Federal.
O social-democrata é acusado de ter usado a conta da Amazônia Petróleo, de propriedade de Júnior Mendonça, no BIC Banco para obter um empréstimo de R$ 3 milhões, em fevereiro de 2011.
Este montante teria sido repassado de forma simulada, para disfarçar sua finalidade, a três empresas a pedido do próprio deputado. Teriam sido transferidos R$ 1,4 milhão para a conta da Rede de Supermercados Modelo; R$ 700 mil para a Baggio e Cia. Ltda.; e R$ 184,5 mil para a JVP Factoring Fomento Mercantil.
O parlamentar também teria pedido que fossem depositados R$ 602 mil na conta da própria Amazônia Petróleo para serem abatidos do empréstimo.
Riva, no entanto, nega qualquer participação no esquema e até que os empréstimos tenham sido, de fato, feitos. Ele sustenta conhecer Júnior Mendonça, assim como “quase todos os donos de factorings de Cuiabá” e garante que todos os documentos apreendidos em sua residência e gabinete têm origem comprovada.
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