Taques marcou encontro com suspeito de "lavar" dinheiro Contato é o empresário Rodolfo Campos, apontado como representante da empreiteira Encomind
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, nesta sexta-feira (30), cita que o pré-candidato do PDT a Governo de Mato Grosso, senador Pedro Taques (PDT), manteve contatos com um dos alvos da Operação Ararath, da Polícia Federal.
O contato do parlamentar foi com o empresário Rodolfo Campos, alvo da operação da PF que desarticulou organização envolvida com desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e corrupção.
"O telefonema do senador para Campos ocorreu no dia 11 de dezembro de 2011 e foi interceptado pela PF. Taques convida o empresário para ir ao seu escritório político", diz a reportagem, com base em inquérito.
O diálogo entre o senador e o investigado da Ararath foi captado pela PF porque Campos estava na mira da operação.
Rodolfo Campos é representante da Encomind Engenharia e Comércio, suspeita de ter realizado uma “compra simulada” de 3 milhões de litros de biodiesel da Amazônia Petróleo, do empresário Júnior Mendonça, ao preço de R$ 2,91/litro, totalizando R$ 6,75 milhões.
Esta é a segunda citação do senador mato-grossense na Operação Ararath.
Confira a íntegra da reportagem do Estadão ou clique AQUI:
Pedro Taques marcou encontro com empresário suspeito de lavar dinheiro
Operação Ararath interceptou diálogo de senador de Mato Grosso em dezembro de 2011
FAUSTO MACEDO
O ESTADO DE S. PAULO
O senador Pedro Taques (PDT/MT) telefonou e marcou um encontro com o empresário Rodolfo Campos, alvo da Operação Ararath – missão da Polícia Federal que desarticulou organização envolvida com desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e corrupção.
O telefonema do senador para Campos ocorreu no dia 11 de dezembro de 2011 e foi interceptado pela PF. Taques convida o empresário para ir ao seu escritório político.
O diálogo entre o senador e o investigado da Ararath foi captado pela PF porque Rodolfo Campos estava na mira da operação. Ele é representante legal da Encomind Engenharia e Comércio, empresa que teria realizado uma “compra simulada” de 3 milhões de litros de biodiesel da Amazônia Petróleo ao preço de R$ 2,91/litro no total de R$ 6,75 milhões.
A PF suspeita que a transação entre a Encomind e a Amazônia Petróleo, datada de 2010, mascarou pagamento de propinas a agentes públicos e financiamento ilegal de campanha eleitoral do grupo ligado ao ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), hoje senador.
O diálogo entre Pedro Taques e o empresário sob suspeita, interceptado pela PF, foi breve – leia abaixo a íntegra da conversa, divulgada pelos sites de Cuiabá (MT) Mídia News e Olhar Direto.
A PF não imputa nenhum ato ilícito ao senador, mas a transcrição da conversa consta dos autos de uma das etapas da Operação Ararath.
O contato com o empresário investigado não é a única citação ao senador pedetista nos autos da Ararath.
Em 19 de fevereiro de 2014, a PF fez buscas nas residências de aliados políticos de Blairo Maggi e de Pedro Taques. A PF procurava provas do esquema de crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Os agentes federais vasculharam a casa de Fernando Mendonça, que foi o maior doador da campanha de Pedro Taques nas eleições de 2010. Ele doou R$ 230 mil, que representam 20% do total (R$ 1,1 milhão) arrecadado pelo pedetista.
Mendonça é filiado ao PDT. Uma filha dele, Ariane Victor de Matos Mendonça, trabalha no gabinete do senador em Brasília. A PF suspeita que Mendonça tenha participação no suposto esquema de lavagem de dinheiro.
A doação de Mendonça ao senador foi feita por meio da Vale Formoso Distribuição Ltda. A campanha de Pedro Taques declarou o repasse à Justiça Eleitoral.
O senador disse, por sua assessoria, que é amigo de Mendonça há 15 anos. Ele ressaltou que o empresário tem direito de defesa.
Sobre o telefonema de Pedro Taques para o empresário da Encomind, a assessoria de imprensa do senador informou que ele “conhece Rodolfo Campos há anos”. Segundo a assessoria, Campos foi uma das principais testemunhas do homicídio do jornalista Sávio Brandão, “já que estava com este no momento dos fatos”.
Pedro Taques, à época procurador da República, atuou no caso.
“Só no ano de 2011, ao qual se refere o diálogo divulgado, o senador Pedro Taques promoveu no gabinete de apoio em Cuiabá 1406 audiências, recebendo diversos segmentos da sociedade mato-grossense, sindicatos, associações, pessoas físicas e, inclusive, empresários, tratando, sempre, de assuntos de interesse público e ações do mandato para Mato Grosso”, assinala em nota a assessoria do senador.
“Com relação ao encontro marcado com Rodolfo Campos, conforme diálogo publicado, foram tratados temas ligados ao segmento da construção civil no Estado”, anota o gabinete de Pedro Taques.
O senador, “em nome da verdade, esclarece ainda que ele e Campos já conversaram outras vezes”. Taques afirma que “desconhece qualquer fato que desabone a conduta do empresário”.
“O senador reitera a confiança no trabalho das instituições públicas encarregadas da investigação e ressalta o papel fundamental da imprensa em informar à sociedade”, diz a nota da assessoria. “O senador Pedro Taques se coloca à disposição para qualquer outro esclarecimento.”
Leia a íntegra do diálogo entre o senador Pedro Taques e o empresário investigado pela PF:
“(…)
Taques: – Fala Rodolfo, tudo bem?
Rodolfo: – Tá bom senador?
Taques: – Bom? Liguei pra você pra gente tomar um café aí, pô. Você não tava dormindo?
Rodolfo: – Não.
Taques: – Vamos ver se a gente conversa a tarde. Você está por aqui?
Rodolfo: – Tô, to por aqui hoje, amanhã.
Taques: – Ah! Você que sabe a hora que você tiver um tempo me dá uma ligada aí, tá?
Rodolfo: – Que horas? A tarde?
Taques: – É, vamos duas e meia? Tá bom pra você? Que eu tenho um compromisso as quatro.
Rodolfo: – Tá bom, uai.
Taques: – Então, se você não tiver vamos deixar pra amanhã. Eu to aí tranquilo. Você que sabe ta?
Rodolfo: – Mas nós vamos aonde duas e meia?
Taques: – Aqui no escritório.
Rodolfo: – Tá, ta bom então. (…) Passo aí, ta ok?
Taques: – Falou cara obrigado, um abraço.”
Comentários