Polícia pede prisão preventiva dos 5 suspeitos envolvidos em linchamento Justiça irá analisar documentos e decidirá sobre o pedido. Vítima morreu no dia 5 de maio após ficar internada em hospital de Guarujá.
A Polícia Civil pediu a prisão preventiva dos cinco suspeitos de envolvimento na morte da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, agredida por dezenas de moradores na comunidade Morrinhos, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Abel Vieira Batalha Junior, Jair Batista dos Santos, Lucas Rogério Fabrício Lopes, Valmir Barbosa e Carlos Alex Oliveira de Jesus são os homens já presos pelo linchamento.
A vítima morreu no dia 5 de maio após ficar dois dias internada no Hospital Santo Amaro, em Guarujá. Fabiane foi atacada por uma multidão depois da publicação de um retrato falado em uma página no Facebook, que mostrava uma mulher que supostamente realizava rituais de magia negra com crianças sequestradas.
O juiz da 1ª Vara Criminal de Guarujá, Leonardo Grecco, irá analisar os documentos e, posteriormente, deverá decidir sobre o pedido. Os cinco suspeitos já estavam com a prisão temporária, válida por um mês, decretada. Caso a prisão preventiva seja aceita pelo juiz, eles continuam detidos até seus julgamentos.
As investigações para descobrir novos suspeitos que possam ter participado das agressões continuam. Em maio, o delegado do 1º Distrito Policial de Guarujá, Luiz Ricardo de Lara Dias Junior, disse que haveria a possibilidade de outros três ou quatro homens terem participado da ação.
Quem são os presos
O quinto e último suspeito preso pelo linchamento negou ter participado da agressão sofrida pela vítima. Em entrevista, o delegado responsável pelo caso, Luiz Ricardo Lara, afirma que a própria mãe do suspeito o reconheceu pelos vídeos gravados no momento da agressão.
Abel Vieira Batalha Junior, de 18 anos, se apresentou voluntariamente, acompanhado de um advogado, no dia 12 de maio, e negou ter participado do crime ou sequer de estar na comunidade do bairro Morrinhos no dia em que Fabiane foi agredida. “As investigações e as próprias imagens apontam que ele participou da agressão ao amarrar a vítima com um fio de eletricidade e arrastá-la em seguida. O Abel possui tatuagens características nos braços e em uma perna, assim como no vídeo. Já havia sido apreendida uma bermuda vermelha na casa dele”, afirma.
Além das investigações, a própria mãe de Abel o teria reconhecido ao assistir as imagens do dia do linchamento, mostradas pela polícia. “Foi a mãe de Abel quem nos cedeu fotos do rapaz, que se apresentou após ver as suas imagens divulgadas pelos meios de comunicação”, conclui Lara.
No dia 9 de maio, Jair Batista dos Santos, de 35 anos, chegou à delegacia ao lado do advogado e foi direto prestar depoimento sobre o caso. Segundo a polícia, ele negou participação no crime, contradizendo o resultado das investigações.
Os outros três suspeitos presos são: Lucas Rogério Fabrício Lopes, de 19 anos, Valmir Barbosa, de 48, e Carlos Alex Oliveira de Jesus, de 23. Segundo a polícia, os três confessaram participação no linchamento da dona de casa.
Oliveira de Jesus foi preso no dia 8 de maio. Ele aparece em um vídeo segurando a vítima pelos cabelos. O homem disse, porém, que não chegou a golpear Fabiane, já que foi segurado por duas primas.
Lopes foi preso também no dia 8 de maio, após denúncia anônima recebida pela Polícia Militar. O rapaz é suspeito de ter passado por cima da dona de casa com uma bicicleta. Em depoimento à polícia, se disse arrependido. "Peço desculpas à família, estou muito arrependido. Desculpa mesmo. A gente vê a nossa mãe em casa, nossa tia, e imagina que poderia ter sido com elas. O que pesa mesmo é a consciência", afirmou.
Barbosa foi detido no dia 6 de maio, no bairro Morrinhos, a mesma região onde a vítima vivia e foi atacada. Segundo a polícia, Barbosa foi reconhecido após as imagens do linchamento terem sido entregues à polícia. Ele alegou que tem filhos e que participou da ação por acreditar que as acusações à vítima – de que ela sequestrava crianças para rituais de magia negra – fossem verdadeiras. "Aconteceu e aconteceu. Não posso fazer mais nada", disse o suspeito.
O dono da página Guarujá Alerta, que divulgou o boato que levou ao espancamento e à morte de Fabiane, prestou depoimento. Segundo o advogado Diego Scarpa, seu cliente está sendo muito ameaçado. "São ataques injustos, estão atacando ele de forma injusta. Em momento algum, será comprovado que meu cliente postou ou incitou a população", defendeu.
Confusão
De acordo com o inquérito, o retrato falado atribuído a Fabiane havia sido feito por policiais do Rio de Janeiro, da 21ª DP (Bonsucesso), em agosto de 2012. Na ocasião, uma mulher foi acusada de tentar roubar um bebê do colo da mãe em uma rua de Ramos, na Zona Norte da cidade.
Imagens de câmeras de segurança divulgadas na época mostraram uma mulher passando com a filha de 15 dias no colo e sendo seguida pela suspeita. A vítima estava levando o bebê para fazer o teste do pezinho em um posto de saúde. Ao sair da unidade, foi surpreendida pela sequestradora.
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