Clima ajuda plantio nos EUA e cotações dos grãos têm queda
As preocupações com o excesso de chuvas no início do plantio da safra 2014/15 dos EUA ficaram para trás e, com o clima amplamente favorável das últimas semanas no país, os preços dos grãos perderam sustentação na bolsa de Chicago.
Milho e trigo tiveram as maiores quedas, mas também sobre a soja pairam menos tensões, em meio ao ganho de ritmo dos agricultores americanos nos trabalhos a campo.
Desde 27 de maio, quando o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) indicou que os plantios de grãos tinham recuperado o atraso inicial, as cotações do milho já recuaram 3% em Chicago, nos cálculos do Valor Data - levando-se em conta a variação até ontem dos contratos de segunda posição de entrega. No caso do trigo, favorecido pela volta das chuvas às Grandes Planícies, a queda chega a 4,29% no mesmo intervalo. A soja apresenta perda menor, de 0,14%, devido aos temores com os estoques apertados da oleaginosa no curto prazo nos EUA. Mesmo assim, no ano ainda há valorizações acumuladas.
"A safra americana está esquizofrênica. A situação atual é muito complicada e completamente diferente da safra que começa a ser colhida em setembro", diz Francisco Peres, analista da Labhoro Corretora de Mercadorias. Na avaliação de Peres, o patamar de US$ 14,80 por bushel é um suporte importante para os papéis mais curtos, com vencimento em julho (ontem, esses contratos fecharam a US$ 14,8250 por bushel, e os para agosto, a US$ 14,1675 por bushel). "Não consigo visualizar a soja caindo muito até o fim de agosto, quando se encerra a safra velha [2013/14]".
Já as cotações do milho e do trigo têm à frente um cenário mais propenso a novas desvalorizações. "Já há uma situação mais confortável de oferta e estoque no milho. Com o clima favorável, possivelmente haverá mais pressão para o recuo dos preços", sustenta Vinicius Ito, analista da Jefferies Bache, em Nova York.
O quadro de oferta e demanda do trigo é ainda mais "baixista", já que a demanda tem se apresentado incerta. Entre 22 e 30 de maio, foram canceladas compras de 52,4 mil toneladas dos EUA.
A redução das tensões entre Ucrânia e Rússia, dois dos maiores fornecedores de trigo e milho ao mundo, também contribuiu para a queda nas últimas semanas. A redução do risco geopolítico e a estabilização das exportações regionais derrubou os preços dos cereais nesses mercados, aumentando a competição com o produto americano.
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