Esperança do Brasil é ser atacado hoje
O Brasil torce desesperadamente para ser atacado pela Colômbia. O plano de Felipão para chegar à semifinal da Copa do Mundo é simples. Contragolpear em velocidade. Depois de todo o desespero que o time passou contra a competente marcação chilena, Scolari aposta suas fichas na euforia ofensiva do ótimo time de José Pekérman.
A campanha da Colômbia até aqui é impecável. É a melhor da história do seu país. Nunca equipe alguma havia passado das oitavas. Nem mesmo o memorável time de Rincón, Valderrama, Higuita, conduzido por Maturana foi tão longe.
O time é o mais ofensivo da Copa, marcou 11 gols nas suas quatro partidas. Venceu todas e apenas sofreu dois gols. Tem o artilheiro da Copa, James Ramírez com 5 gols. O país está eufórico pela campanha.
É com esse clima de empolgação que Felipão conta. Acredita que os colombianos vão tentar fazer história. Buscar atacar o Brasil em pleno Castelão. Utilizar uma marcação fortíssima já na intermediária. Buscar sufocar para tentar marcar o seu primeiro gol no início do jogo e descontrolar psicologicamente a Seleção.
Desde os seus tempos de Criciúma, Felipão gosta de ver seu time atacado. Sobra espaço para contragolpes em velocidade. Daqui a pouco ele acredita que Neymar terá como ser não só o grande articulador, como mostrar o seu dom para artilheiro do time.
A Colômbia de Pékerman não usa duas linhas de quatro. Nem marca individualmente. Joga no 4-4-2. Atua apostando na velocidade de Cuadrado, James Rodrígues, Martinez e Gutierrez. É uma equipe naturalmente ofensiva. E que busca desesperadamente sair na frente no placar no início do jogo.
Conter esse ímpeto com Fernandinho, Paulinho e Oscar, atuando mais entre as intermediárias do que o normal. Hulk também terá de ajudar mais na marcação de saída de bola colombiana. Luiz Gustavo, suspenso, fará falta.
Quem deverá ter espaço na Seleção serão Daniel Alves e Marcelo. Pérkerman dá liberdade até demais para Zuniga e Armero. Os dois laterais chegam até atacar ao mesmo tempo. E deixam muito espaço nas suas costas. Por onde podem surgir os laterais brasileiros, como pontas.
Não é o famoso 'joga e deixa jogar'. A proposta da Colômbia é prioritariamente atacar. Não tem o time montado para ficar atrás, se submeter à pressão adversária. Seus jogadores são muito talentosos, habilidosos, leves.
"O Brasil é o time pentacampeão do mundo. Joga a Copa em casa. Tem um excelente equipe. Será um grande desafio para a nossa equipe. Mas não vamos mudar a nossa maneira de atuar. Nós chegamos até aqui buscando a vitória. É isso que sabemos fazer."
O discurso de Pékerman deveria ser o de Felipão. Mas não é. O time está abalado pelo sofrimento contra o Chile. E por todas as críticas. Que vão desde descontrole emocional até atuações fraquíssimas individuais.
Os jogadores defendem a presença de Fred na equipe. Felipão chegou a treinar a equipe sem ele, colocando o zagueiro Henrique improvisado como terceiro zagueiro. O atacante fez questão de falar com Parreira logo após o treinamento. Colocou a chuteira no rosto para que ninguém fizesse leitura labial do que dizia. Lógico que não ficou satisfeito.
Mas o atacante a princípio deverá começar o jogo. Só que a entrada de Henrique está programada em duas circunstâncias. A primeira, o Brasil ficar em vantagem no placar e os colombianos pressionarem. Ou os colombianos conseguirem se impor no meio de campo logo no primeiro tempo.
Será uma partida que exigirá muita estratégia. Apenas a energia dos torcedores cantando o hino nacional durante o jogo não será suficiente. A Seleção precisará ter muita dedicação tática e aplicação. Roubar a bola no meio de campo e explorar a correria.
É a típica partida sem meio termo. Se a marcação brasileira encaixar e os contragolpes forem bem articulados, o time poderá surpreender. E até ganhar bem, de forma convincente dos colombianos e ganhar um fôlego importante para aqueles que seriam os dois últimos jogos da Copa, semifinal e final.
Agora, se o Brasil se enervar diante do excelente toque de bola dos rivais, não terá salvação. O time de Pékerman sabe fazer gols. E tem outro detalhe que não pode ser deixado de lado. É a equipe mais 'europeia' da história do futebol colombiano.
Como por aqui, os atletas de lá têm saído cada vez mais cedo para jogar no Exterior. Do atual grupo, três atuam na Colômbia, quatro na Argentina. Os outros 16 no futebol europeu. Ou seja, está acostumado à pressão. É melhor preparado do que se poderia imaginar para um jogo tão importante quanto o de hoje.
"Nós sabemos que esta Colômbia gosta de jogar futebol. Será um jogo bem diferente do que foi contra o Chile. Estaremos preparados", disse, confiante, Neymar.
Ele sabe bem. Não haverá meio termo no Castelão. Se a marcação brasileira encaixar, o Brasil viverá no Paraíso. Até porque tem jogadores melhores tecnicamente do que o adversário. Fará o que quiser nos contragolpes.
Se não conseguir, será um Inferno. Enfrentar um adversário habilidoso, corajoso, organizado e querendo fazer história não é fácil.
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