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Cidades/Geral
Sábado - 05 de Julho de 2014 às 11:08

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Atualmente oitenta e duas crianças têm o ‘Lar da Criança’, em Cuiabá, como sua casa. Todas elas foram vítimas de violência doméstica, abandono, abusos sexuais e, por estas razões, precisaram ser afastadas do seio familiar. O espaço é capaz de comportar no máximo 100 pequenos e há um mês tem a sua frente uma nova gestão que decidiu “abrir as portas” da intuição, que hoje enfrenta uma investigação policial na Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), para apurar suposta negligência na morte de um garotinho de nove anos de idade.

Durante a visita da reportagem do Olhar Direto, no início desta semana, a superintendente do Lar, Marimar Michels, para chamar a atenção para a importância do trabalho voluntariado. “Precisamos de pessoas responsáveis, que tenham compromisso e não falte, pois quando você passa a vir elas começam a contar com vocês e quando a pessoa falha o sentimento de abandono é revivido”, explica. Ainda conforme ela, a dor da renúncia acaba despertando nelas o sentimento da revolta, o que as tornam agressivas.

Para ser um voluntário na casa, os interessados precisam passar por um processo de ‘triagem’, e cada um é avaliado e recebe instruções sobre como proceder durante as atividades. Marimar também ressaltou que, neste momento, os interessados em levar atividades lúdicas para as crianças encontraram muitos pequenos contentes com a gentileza. Para ser um voluntário, o interessado deve procurar o Juizado da Infância e Juventude de Cuiabá e aresentar o projeto.

Já os que gostariam de fazer uma visita ao Lar da Criança, a superintendente ponderou que não é permitida, porque é preciso resguardar as crianças. “Quando alguém chega aqui elas ficam se questionando, ‘o que ela veio fazer aqui’, as que sabem que estão para adoção já criam uma expectativa. Depois a pessoa vai embora, mas elas continuam aqui esperando”, relata.

Cicatrizes

Para quem olha no rosto das dezenas de crianças que estão no Lar não é capaz de imaginar a dor ou o trauma que elas carregam. Encaminhadas pelo Conselho Tutelar, Promotoria da Infância e Juventude e Juízo da Infância e Adolescência todas são oriundas de famílias desestruturadas, incapazes de proteger e contribuir para o desenvolvimento emocional e pessoal de seres tão inocentes.

A superintendente da Casa, Marimar Michels, desde 2010 já possuiu um histórico de assistência social dentro do Lar e para ela, o principal desafio do espaço é o da humanização. “Precisamos chegar o mais próximo do que é a família, pois elas já foram vítimas de violência, vieram de famílias de usuários de drogas e algumas ainda vítimas de abusos sexuais”, conta.

No Lar, as crianças são submetidas a uma rotina de disciplina. Recebem acompanhamento psicológico e são cuidadas por uma equipe multidisciplinar composta por 200 profissionais. Separadas de acordo com suas faixas etárias, durante a visita da reportagem do site Olhar Direto, nesta segunda, os pequenos revelavam ansiedade para a comemoração dos aniversariantes do mês, que estava sendo montada no pátio do Lar. O cheiro de doces, bolo e salgados era sentido por toda a casa enquanto os meninos e meninas se arrumavam para a festa.

Carentes de atenção, por onde a superintendente passava havia uma criança buscando um pouco de atenção. Um abraço, um beijo ou um carinho no cabelo, todas, de seu jeito, tentavam um pouco de atenção. “É o tempo todo assim, sempre que chega alguém elas correm para abraçar, ou mesmo olhar, hoje até está calmo”, ponderou Marimar.

Investigações

A morte do pequeno J.C.A. teve início em maio e pretende apurar a suposta negligência cometida pelo Lar da Criança. A criança supostamente teria chegado morto no Pronto-Socorro de Cuiabá, no dia 24 de abril. Conforme o delegado que atua na investigação, Eduardo Botelho, da Deddica, a conclusão do caso depende da exumação do corpo da criança. “Quando assumi o este processo, o corpo da criança já estava enterrado e nos dependemos de um laudo preciso que descreva a causa da morte do menino”, revela.

Ainda conforme o delegado há contradições entre os depoimentos das pessoas do Lar da Criança e dos que atenderam a criança no Pronto-Socorro de Cuiabá. “Os funcionários do lar fala que o menino ainda tinha sinais vitais quando foi levado à unidade de saúde, enquanto os do pronto-socorro afirma que ele já estava morto”, revela.

A casa

O Lar da Criança é uma instituição vinculada à Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), através do Programa que funciona em regime de abrigamento. Ela atende crianças entre zero a 12 anos, meninos e meninas. Tem por finalidade acolher e assegurar proteção integral em caráter provisório e excepcional às crianças, em situação de risco, vulnerabilidade social, abusos, violência doméstica. O atendimento é regido com base no estatuto da Criança e do Adolescente. 





Fonte: Olhar Direto

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