Polícia Civil descarta queima de arquivo Poucas horas após o crime, a DHPP prende suspeito e conclui que ex-secretário estadual de Infraestrutura foi morto por um caseiro
A Polícia Civil concluiu que a morte do ex-secretário de Infraestrutura de Mato Grosso, Vilceu Marchetti, foi um crime passional e não teve motivações políticas. O ex-secretário teria assediado a mulher do assassino momentos antes dos disparos.
Marchetti, de 60 anos, foi assassinado a tiros na fazenda que administrava, na noite da última segunda-feira (07), em Barão de Melgaço. O funcionário da fazenda, Anastácio Marafon, 53 anos, confessou à Polícia Civil que cometeu o crime após a vítima ter assediado sua esposa.
De acordo com o delegado Walfrido Nascimento, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o funcionário afirmou em depoimento que tudo ocorreu em questão de minutos. Do lado de fora da casa, ele viu a companheira, de 36 anos, ser assediada por Marchetti. Mas, como não tinha certeza, ele foi tirar satisfação com a esposa. Após minutos de discussão, ela confirmou que o ex-secretário a assediou com palavras e também a tocou nas nádegas.
Anastácio teria ficado transtornado e foi atrás de Marchetti. Ele informou à Polícia que já estava armado. Ao vê-lo se dirigindo à casa onde estava alojado, o ex-secretário entrou rapidamente e deitou na cama. “Houve uma discussão e o caseiro efetuou os disparos".
A Polícia informou que Marafon e o ex-secretário praticamente não se conheciam. O casal já trabalhava há mais de seis anos para o dono da fazenda, porém em um estabelecimento em Santa Catarina, e estava em Mato Grosso há menos de 10 dias.
“Eles foram realizar a vacinação dos bois por volta das 14 horas e retornaram para a sede da propriedade já no início da noite. A vítima desceu do carro primeiro e foi direto para a casa. Lá estava a esposa do funcionário. Logo que entrou, o ex-secretário teria assediado a mulher e do lado de fora, ainda saindo do carro, o marido dela viu. Foi questão de minutos entre o fato e o assassinato”.
Além do depoimento do suspeito, a Polícia também colheu declarações de 10 testemunhas, entre elas o dono da fazenda, a esposa e filhos, além dos dois netos da vítima, de 9 e 14 anos. Os netos confirmaram que ouviram a discussão do funcionário com a esposa e posteriormente com o avô.
O proprietário da fazenda afirmou que ouviu o ex-secretário suplicar para não morrer. “Ele disse ter ouvido Marcheti dizer para o funcionário não pegar na arma, não mexer nela após entrar no quarto”, disse o delegado.
Anastácio contou que após o crime foi para uma região de mata, próxima de um rio, e jogou a arma. Ele confessou que não tinha registro do revólver, mas que usava para espantar onças e outros animais perigosos. A arma ainda não foi encontrada e os policiais realizam buscas na área.
Por conta das evidências, a delegada Anaíde Barros, que também atua na DHPP e auxiliou nas investigações, relatou que a Polícia Civil não trabalha, no momento, com a hipótese de execução ou queima de arquivo. Ela afirmou que o inquérito tem prazo de 10 dias para ser concluído e por conta disso as investigações devem continuar. Anastácio foi indiciado por homicídio e será encaminhado para uma penitenciária em Cuiabá.
Em princípio, acreditava-se que o assassinato de Marchetti pudesse ser queima de arquivo. Marchetti foi secretário estadual de Infraestrutura entre os anos de 2005 e 2010. No final de sua passagem pelo governo, ele se envolveu no escândalo dos maquinários, um episódio que resultou em um prejuízo de R$ 44 milhões aos cofres do Estado. Em março deste ano ele foi condenado pela Justiça Federal por envolvimento no caso, junto com o também ex-secretário Geraldo de Vitto (Administração).
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