Delegado da PF é denunciado por assassinato de índio durante
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal em Itaituba, no Pará, o delegado da Polícia Federal (PF) Antonio Carlos Moriel Sanches pelo crime de homicídio qualificado contra Adenilson Kirixi Munduruku, morto durante a Operação Eldorado, no dia 7 de novembro de 2012, nas margens do Rio Teles Pires, na região de Alta Floresta (803 km ao Norte de Cuiabá), onde funcionava um garimpo ilegal para extração de ouro.
A exumação do corpo do indígena comprovou os depoimentos das testemunhas e demonstrou que ele foi executado com um tiro na nuca, depois de ter sido derrubado por três tiros nas pernas. Conhecido como "Ussuru", o indígena tinha 30 anos e deixou oito filhos.
O incidente ocorreu quando os agentes começaram a destruir, cumprindo determinação judicial, parte das 16 balsas que seriam utilizadas no crime. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas, sendo seis índios e dois policiais. Os indígenas foram atingidos por tiros e policiais federais acabaram sendo atacados a flechadas e disparos de arma de fogo.
A Operação Eldorado deveria destruir balsas de garimpo que atuavam ilegalmente nas Terras Indígenas Munduruku e Kayabi. O coordenador da operação era o delegado Moriel Sanches.
Pelo crime, o delegado pode ser condenado a até 30 anos de prisão. Se a denúncia for aceita pela Justiça, ele será submetido a julgamento pelo tribunal do júri
Operação Eldorado
A Operação Eldorado foi deflagrada em Mato Grosso, Pará, Rondônia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Amazonas e Rio de Janeiro, teve o objetivo de desarticular uma rede de exploração de garimpos ilegais na região do rio Teles Pires. O esquema funcionava há cinco anos.
Foram cumpridos 17 dos 28 mandados de prisão temporária, 64 de busca e apreensão e oito de condução coercitiva expedidos pela Justiça Federal.
No esquema, eram usadas notas frias de cooperativas de garimpeiros para legalizar a produção de garimpos, que funcionavam de forma ilegal.
Conforme as investigações, boa parte dos garimpos ficava nas terras dos índios mundurukus e kayabis.
O esquema também contava com a participação de índios, que, segundo a PF, facilitavam o acesso às áreas de extração.
Uma das empresas investigadas, com sede em Cuiabá, movimentou cerca de R$ 150 milhões nos últimos dois anos.
A companhia também operava na Bolsa de Valores, para comercializar o ouro como ativo de investimento financeiro.
Na operação, agentes da PF apreenderam 23 quilos de ouro, avaliados em R$ 2 milhões, com o empresário Valdemir Melo, dono da empresa Parmetal, com sede em Cuiabá, e com o filho dele, Artur Melo. Os dois foram presos na manhã de terça-feira.
Também foi preso na operação um oficial da Marinha do Brasil, lotado no Norte de Mato Grosso, que seria encarregado de legalizar o transporte do produto em embarcações, com o uso de notas fiscais falsas.
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