Oito policiais militares são expulsos em MT no 1º semestre Número é menor que em 2013, quando 27 soldados foram demitidos
A Polícia Militar de Mato Grosso expulsou oito soldados da instituição até o começo deste mês de julho.
O levantamento, revelado ao MidiaNews pela própria corporação, leva em conta o período de janeiro ao último dia 10.
No mesmo período, em 2013, o Estado registrou uma expulsão a menos. Ao longo do último ano, no entanto, foram 27 soldados exonerados pelo Comando Geral.
Os motivos, conforme a assessoria da Polícia Militar, são os mais variados. Entre os mais comuns, estão a ausência do serviço militar e o desvio de conduta.
"Muitos jovens que entram na PM acham que esse poder é dado a eles de forma que podem fazer uso arbitrário dele. E não podem e nem devem"
Outros fatores também são levados em conta. Estão na relação, por exemplo, lesão corporal, roubo, furto e formação de quadrilha.
As punições, segundo a PM, variam de acordo com os argumentos e provas contidas no processo, começando em repreensão, reforma e até prisão e/ou exclusão.
Casos
Entre os casos recentes e divulgados pelo MidiaNews, estão, por exemplo, a dos ex-soldados M.F.M.S. e A.S.R.A., de Cuiabá, que foram expulsos da Polícia Militar no dia 10 de julho por exigirem – e conseguirem - propina de um motociclista.
Um dos PMs, M.F., segundo a Corregedoria, exigiu do motorista um capacete para dar à sua esposa. O homem pagou R$ 105 no objeto, porém foi ameaçado depois pelo soldado.
Houve também, no mês de março, a expulsão do soldado D.O., que era lotado no município de Aripuanã (1.002 km a Noroeste de Cuiabá).
Conforme o comandante-geral da PM, coronel Nerci Adriano Denardi, o então militar agrediu a mulher e, no mesmo dia, matou a sogra.
Outro exemplo é do soldado C.F.S., retirado das fileiras da instituição, após ser acusado por assalto a mão armada.
O ex-PM, inclusive, já foi julgado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, na 6ª Vara Criminal de Cuiabá, pelo crime.
O ex-policial foi condenado a seis anos, um mês e 10 dias de reclusão.
Poder
O uso da farda, de armamento e do poder de Estado são um dos principais argumentos, na opinião do professor e sociólogo Naldson Ramos, para fazer com que policiais cometam irregularidades e, por consequncia, sejam expulsos e, até mesmo, presos.
“Em qualquer profissão e setor que demandam poder, a possibilidade de uma parcela de profissionais utilizar desse poder em proveito próprio é grande. Na PM, em particular, é de fato um poder de Polícia, que tem direito de deter, fiscalizar, parar, dar voz de prisão e, até em caso extremo, tirar a vida. É um poder de Polícia, diretamente ligado ao poder de estado repressor”, disse o sociólogo.
Coordenador do Núcleo Interinstitucional da Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ramos avaliou ao site que o problema pode não estar no poder em si, mas também na arbitrariedade deste poder.
“Muitos jovens que entram acham que esse poder é dado a eles de forma que podem fazer uso arbitrário dele. E não podem e nem devem”, completou.
Outro problema, segundo Ramos, é a falta de preparo ou de uma fiscalização maior.
“Falta não só treinamento, mas maior fiscalização da atividade policial e maior capacidade de apuração das denúncias que chegam até as corregedorias e ouvidorias da polícia. Se os excessos e violência de todos os tipos fossem avaliados e combatidos com mais agilidade, contribuiria e muito para a redução dos crimes cometidos por policiais”, completou.
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