Pesquisadores do Laboratório de Biologia Celular e Molecular do Câncer, da USP de Ribeirão Preto (SP), começaram a desvendar o que pode ser um importante passo na descoberta para a cura do câncer. Com base na introdução nos tumores malignos do fragmento de uma proteína já existente dentro da célula, os cientistas conseguiram desencadear o processo, que leva à morte das células cancerosas.
A primeira fase dos testes feitos em camundongos apontou que, após 28 dias, 90% dos animais cujos tumores possuíam o fragmento da molécula continuavam vivos. Três semanas depois da primeira aplicação de uma solução aquosa, que age no DNA do camundongo, os pesquisadores notaram que as células do tumor maligno começaram a diminuir até desaparecerem.
A molécula pesquisada é a Miosina VA. Ela se movimenta dentro da célula como se fosse um trem de carga levando uma substância diferente em cada vagão. Um deles carrega uma proteína perigosa, a BNF, que é capaz de matar a célula. Os pesquisadores conseguiram acessar a BMF para usá-la na destruição das células cancerosas.
“Conseguimos matar células do melanoma - um tipo de tumor altamente agressivo e resistente às terapias e quimioterapias convencionais”, diz o doutor e pesquisador Antônio Carlos Borges. Além de tratar o câncer de pele, a terapia poderá ser usada no tratamento do carcinoma de útero. Segundo a coordenadora da pesquisa, Enilza Espreafico, o estudo abre novas perspectivas. “Podemos interferir na célula de maneira que ela desencadeie a sua própria morte”, explica.
A descoberta acena para o desenvolvimento de terapias e de medicamentos contra o câncer. “A nossa ambição agora é utilizar essa ferramenta molecular para produzir uma droga, que possa ser injetada e que cause a morte da célula tumoral, sem causar nenhum dano ao organismo”, afirma Espreafico.
Comentários