MP denuncia prostitutas por matar e esquartejar motorista Vítima teve as partes do corpo encontradas em sacos plásticos espalhados por quatro locais de São Paulo, em março, e seria amante e cliente de uma delas, que o apelidara de "Boticário"
O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual contra três mulheres acusadas de assassinar e esquartejar o motorista de ônibus Álvaro Pedroso. O crime aconteceu em São Paulo em março deste ano e chocou o País, já que as partes do corpo foram encontradas em quatro locais diferentes da capital paulista, em sacos plásticos.
Na denúncia, ainda não analisada pela Justiça, também foi pedida a prisão preventiva das três suspeitas, já presas provisoriamente. A prisão provisória, no entanto, expira na próxima sexta-feira.
Em entrevista coletiva, o promotor que assinou a denúncia, Tomás Ramadan, do Tribunal do Júri, afirmou que a garota de programa Marlene Gomes, com quem a vítima se relacionava havia pelo menos cinco anos, sempre aos finais de semana, não teria se conformado com o fim do relacionamento proposto pelo motorista.
O motivo do rompimento, apontaram as investigações, foi o fato de Marlene, conhecida no meio como “Mole”, não corresponder a Pedroso. “Ele tinha um sentimento de amor para com ela, gostava mesmo, mas não era correspondido. E ela sempre desejou continuar com a atividade de prostituição”, disse o promotor. “Ela não suportou perder essa fonte fixa de renda, pois o considerava, de algum modo, muito mais que um cliente - chegou a apelidá-lo de ‘Boticário’ pelos presentes que ele levava para ela e para a filha”, completou.
Conforme Ramadan, Marlene “possuía ascendência, até por ser quase 20 anos mais velha que elas” sobre outras duas garotas de programa de quem era amiga, Márcia Maria de Oliveira, conhecida como “Sheila”, e Francisca Aurilene Correia da Silva, a “Thaís”. Na denúncia, o MP apontou que a vítima, já fortemente embriagada na noite do dia 22 de março deste ano, “e após se relacionar sexualmente com Marlene, enquanto ia tomar banho”, recebeu uma série de golpes violentos na cabeça, que teriam sido desferidos pelas três mulheres, e morreu.
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“Houve motivo torpe e emprego de meio cruel, pois o Álvaro, segundo a perícia, experimentou intenso e desnecessário sofrimento”, afirmou o promotor.
Ramadan afirmou que a ocultação de cadáver ocorreu porque as três mulheres teriam espalhado as partes do corpo em três locais do bairro de Higienópolis e na Praça da Sé, onde a cabeça foi encontrada quatro dias depois. “Com a vítima já morta, Marlene seccionou o cadáver em várias partes, tirou a pele do tronco e cortou as falanges dos dez dedos das mãos - tudo de forma premeditada a fim de dificultar a identificação do Álvaro”, destacou o promotor, conforme o qual as três levaram os membros em carrinhos de mão, já que Pedroso pesava cerca de 100 kg.
“Espalhar essas partes em quatro locais serviu para caracterizar ocultação. Já a fraude processual, terceira parte da denúncia, ocorreu porque se tentou dificultar a identificação da vítima e ludibriar a perícia criminal”, concluiu Ramadan. “Só foi possível identificar esse cidadão porque encontraram a cabeça ainda em um estado de putrefação que permitiu à família reconhecê-lo. Se essa cabeça tivesse sido encontrada em um grau de decomposição mais acentuado, isso não seria possível.”
Suspeitas apareceram em imagens
A denúncia cita que, além de depoimento de um dos dois filhos de Pedroso citando o relacionamento do pai, as investigações levantaram imagens de câmeras de vigilância das áreas onde os membros foram descartados. Nessas imagens, segundo a denúncia, é possível ver as suspeitas nas imediações desses pontos entre as 5h15 e as 5h30 da madrugada do dia 23 de março, um domingo.
O depoimento de uma testemunha protegida, afirmou o promotor, também auxiliou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde o caso foi investigado, a chegar às três mulheres. Elas foram presas no último dia 1º.
A expectativa do MP é que o trio possa ir a júri em até um ano. A reportagem não localizou os advogados das denunciadas.
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