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Saúde
Sexta - 01 de Agosto de 2014 às 20:29

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Reprodução/ BBC

Zaneta Jones é uma britânica que vive na Cornualha e, depois de uma cirurgia bariátrica, perdeu 160 quilos. Mas, antes de passar pela cirurgia, ela sofreu abusos e teve até fezes de cachorro atiradas contra ela.

Antes de fazer a cirurgia, Zaneta sofreu o chamado "fat shaming", o abuso de pessoas obesas. Ela foi acusada em um jornal de circulação nacional de desperdiçar os recursos do NHS, o serviço de saúde pública da Grã-Bretanha.

"Meu filho sofreu um acidente jogando futebol americano e foi levado para o hospital. Quando passamos pela porta, as pessoas começaram a falar 'vocês são aquela família do jornal, vocês não deveriam poder entrar aqui, vocês desperdiçaram o dinheiro do NHS, meu pai não conseguiu o tratamento de câncer que ele precisava'", contou Zaneta.

― Saí e fui me sentar no carro, estava assustada demais para entrar (no hospital)."

"Ao mesmo tempo, jogaram cocô de cachorro dentro de sacolas plásticas em nós. Fomos chamados de escória da Terra. Foi preciso muito para que voltar a sair de novo", acrescentou.

Remédio para emagrecer

Como muitas pessoas com obesidade, Zaneta sofria com problemas psicológicos e emocionais. Quando era criança, na década de 1970, deram a ela remédios para emagrecer, na tentativa de evitar os problemas cardíacos que eram comunos na família.

O acesso à comida também era restrito para ela.

Quando Zaneta começou a trabalhar aos 16 anos, ela se rebelou contra a dieta forçada e seu peso aumentou muito.

"Quando pesava mais, cheguei a 254 quilos e meu IMC (índice de massa corporal) era de 85", disse. Um IMC considerado saudável varia entre 18,5 e 24,9.

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O que começou como uma rebelião adolescente acabou com complicações de saúde que afetaram até a fertilidade de Zaneta.

― Tentei dietas bobas como a dieta da sopa de repolho, coisas assim. E todas as vezes perdia entre 2,5 e 4,5 quilos e pensava que não era nada perto de 254 quilos, e desistia.

A britânica tentou até travar a mandíbula em um procedimento médico. Ela lembra que "foram 18 meses com apenas meio litro de leite desnatado e meio litro de suco de laranja por dia".

― Sim, você perde peso, eu perdi mais de 63 quilos em 18 meses, mas eu tinha que fazer uma cirurgia (de tratamento) de infertilidade e não consegui pois estava 1,36 quilo acima do peso, então, eu engordei quase 70 quilos.

Nesta época, Zaneta usava roupas masculinas, pois não conseguia achar nada em seu tamanho nas lojas femininas.

Ela sofria de diabetes, tinha problemas de visão e nos rins, colesterol alto e apneia do sono e conseguia andar apenas de cadeira de rodas, devido ao excesso de peso.

Jornal

Mas, ao invés da solidariedade das pessoas, o peso de Zaneta foi destaque em um jornal de circulação nacional no qual ela e a família foram acusados de desperdiçar 1,2 milhão de libras (cerca de R$ 4,5 milhões) em tratamentos para emagrecimento.

Zaneta alega que nunca foi entrevistada diretamente pelo jornal e que vários detalhes importantes, incluindo os custos de seus tratamentos, não eram precisos.

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Mesmo assim, não foi o abuso sofrido depois do artigo no jornal que levou à mudança. Foi o medo de morrer.

― O maior choque foi quando fui a endocrinologista saber sobre minha diabetes, e ela disse que se eu não fizesse alguma coisa, não estaria viva no final do ano. Ela me encaminhou para uma cirurgia bariátrica.

Antes da operação, feita há seis anos, Zaneta tinha que reduzir o IMC de 85 para 60 e, para ajudá-la na dieta antes da cirurgia, a britânica viveu com um balão dentro do estômago durante nove meses, o que reduzia a quantidade de comida que ela podia ingerir.

O balão foi removido antes do Natal e ela teve seis semanas para o estômago se recuperar antes da cirurgia.

― Você pode imaginar o que foi, para uma pessoa viciada em comida, ter de ver o que você está habituado a comer (e não poder comer). Foi tortura.

Mas ela conseguiu manter o peso sob controle e fez a cirurgia.

Agora, a diabetes tipo 2 que Zaneta sofria está em remissão e os outros problemas de saúde quase desapareceram. Ela não precisa mais de uma cadeira de rodas para se movimentar.





Fonte: Da BBC Brasil

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