Exportações brasileiras para a Argentina caem 33,5% em julho Ao mesmo tempo, importações feitas pelo Brasil recuam bem menos: 17%. País vizinho enfrente crise financeira e deu novo calote na dívida externa.
Com o agravamento da crise financeira na Argentina nos últimos meses, as vendas externas do Brasil para o país vizinho em julho foram um terço menores que no mesmo mês do ano passado.
De acordo com números divulgados nesta sexta-feira (1) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações do Brasil para a Argentina tiveram a maior queda do ano em julho, de 33,5%, e alcançaram US$ 1,24 bilhão.
Os produtos que puxaram para baixo as vendas externas brasileiras para a Argentina foram ligados ao setor automobilístico. Isso aconteceu apesar de os governos de ambos os países terem fechado um novo acordo automotivo que, teoricamente, destravaria o comércio destes produtos - que vinha devagar nos primeiros meses deste ano.
'Problema de demanda'
As vendas de automóveis para a Argentina, por exemplo, recuaram 57,6% em julho, contra o mesmo mês de 2013, para US$ 206 milhões. As exportações de autopeças e de veículos de carga caíram 34,6% e 42,3%, respectivamente.
Segundo Roberto Dantas, do Ministério do Desenvolvimento, o problema é a falta de demanda. "O acordo automotivo deu as condições para voltar regularmente as negociações, mas se não tem quem compre, não tem como vender. Não é o acordo automotivo em si que vai trazer a solução. Tem de ter uma demanda que justifique essas vendas. Temos que aguardar como as negociações [com os fundos] se concluirão. A crise financeira tem outro componente que voce não tem como avaliar", declarou Roberto Dantas, do Ministério do Desenvolvimento.
Calote
A Argentina ultrapassou na quarta-feira (30) o prazo para pagamento de uma dívida com credores que haviam feito a renegociação, e com isso passou à situação de calote.
A moratória do país é consuderada seletiva e técnica, já que a quitação da parcela está bloqueada pela Justiça porque a sentença determinou que o país precisa primeiro pagar os fundos, para só então poder quitar as demais dívidas.
O governo de Cristina Kirchner rejeita a palavra calote para designar o atraso de pagamento porque o dinheiro está parado na Justiça. O ministro argentino da economia, Axel Kicillof, disse que "é uma bobagem atômica dizer que entramos em default".
Nesta sexta houve uma nova reunião de negociação entre o governo argentino e os fundos, e o juiz norte-americano Thomas Griesa determinou que as partes cheguem a um acordo. "De volta ao trabalho", resumiu.
Importações e acumulado do ano
Os números do governo mostram que também recuaram, em julho, as compras feitas da Argentina. Entretanto, em menor proporção: 17,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado, para US$ 1,22 bilhão. Deste modo, o recuo das importações da Argentina foi quase metade da queda das exportações. Com isso, foi registrado um superávit comercial em favor do Brasil de apenas US$ 13 milhões em julho deste ano.
No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, ainda segundo dados do governo federal, as exportações brasileiras para a Argentina caíram 22,1%, para US$ 8,65 bilhões, principalmente por conta da retração das vendas de automóveis e autopeças, entre outros. Ao mesmo tempo, as importações feitas pelo Brasil do país vizinho recuaram 19,1%, para US$ 8,26 bilhões. Nos sete primeiros meses deste ano, o superávit do Brasil com a Argentina somou US$ 397 milhões. No mesmo período de 2013, o resultado positivo nas transações comerciais do Brasil com o país vizinho havia sido maior: US$ 905 milhões.
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