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Economia
Domingo - 10 de Agosto de 2014 às 11:29

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Inflação está entre as principais preocupações do brasileiro

O Jornal Nacional exibiu uma série de reportagens sobre as principais preocupações dos brasileiros. Elas foram diagnosticadas a partir de uma pesquisa do Instituto Datafolha.

O Jornal Nacional termina neste sábado (9) a série de reportagens sobre as principais preocupações dos brasileiros. Elas foram diagnosticadas a partir de uma pesquisa do Instituto Datafolha. Em primeiro lugar apareceu a saúde pública. Em seguida, estão a segurança pública, o desemprego, a educação e os transportes. Na última reportagem, Fabio Turci mostra mais uma das aflições dos brasileiros.

Dos problemas que mais afetam os brasileiros, a inflação vem em sexto lugar. Preocupa 7% da população. Quem vive nas regiões Sul e Sudeste se incomoda um pouco mais com a alta de preços do que os que do que estão no Centro-Oeste e Norte e também no Nordeste.

Tem muito brasileiro que ainda não esqueceu o que era conviver com inflação alta. Alta não, altíssima. Em 1993, ela chegou a 2.708%. No ano seguinte, com o Plano Real, o país aprendeu a controlar a disparada de preços.

Em 1999, deu mais um passo: adotou o sistema de metas de inflação. O governo define um alvo – um índice que ele considera bom para economia andar – e tenta acertar. A meta começou em 8% ao ano. Hoje ela é de 4,5% cento ao ano. Mas pode variar dentro de uma margem.

Nos últimos nove anos, a inflação oficial ficou na meta ou foi menor três vezes. Nos outros anos, ela ultrapassou a meta, mas não saiu da margem. Nos últimos meses, ficou próximo do teto e até chegou a ultrapassar a margem.

Talvez por isso a inflação tenha voltado a preocupar os brasileiros.

“O Brasil vive um momento onde a gente matou o dragão da inflação, mas ainda continua brincando em torno dele”, diz o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.

“Almoço em três restaurantes onde o preço médio do quilo é o mesmo. E essa diferença é geral”, comenta Josiane Severo, advogada.

Quem mais percebe essa variação são os mais pobres.

“O rico se defende mais do processo inflacionário. O pobre tem uma defesa menor. Então, de fato, ele penaliza mais as famílias de baixa renda”, explica André Braz, economista do Ibre/FGV.

Essas famílias gastam uma parte maior do salário com alimentação. Em Umuarama, interior do Paraná, a dona Rosana reclama: “Eu já paguei até R$ 1 real em um pé de alface. Agora está R$ 2”.

A agricultura sempre viveu de ciclos. Mas, na feira, a impressão que se tem é que, quando chega a hora de subir, o preço sobre sobe para valer. E, na hora de baixar, não baixa tanto. Nos últimos quatro anos, os alimentos subiram bem mais do que a inflação.

“Uma hora está quente demais, outra hora está frio demais. Então, judia. A banana judiou bastante, tanto que subiu bastante o preço. Tomate também”, afirma Deive da Silva Cornélio, produtor rural.

“Com R$ 20, eu levava muita coisa para casa dois anos atrás. Agora, com R$ 50 você não leva muita coisa”, diz Cleonice Felizardo Resine, auxiliar de cozinha.

Na feira em Campo Grande, a dona Marlene Dionísio de Oliveira pechincha. “Hoje, 40% do meu salário ficam na compra. Antes eu ia com meus sobrinhos, pegava meu netinho e levava na sorveteira. Isso eu cortei”, conta a empregada doméstica.

A inflação andou aumentando mais naquilo que nos é essencial – os alimentos – e também naquilo que nos é cômodo, agradável, que a gente passou a consumir mais por ter mais dinheiro para isso.

“Antigamente ficava mais difícil, mas agora, com emprego melhor, dá para fazer o cabelo, comprar uma roupa, sair”, comemora Andrea dos Santos, costureira.

Descontada a inflação, a renda média dos brasileiros aumentou quase 32% entre 2001 e 2012.
Um salão na Zona Norte do Rio vive lotado.

“Acho que tem uma relação muito direta entre o crescimento do consumo da classe C e o crescimento da nossa empresa”, avalia Leila Velez, dona do salão.

Como tem cliente sobrando, o salão consegue aumentar os preços. Assim, ele cobre os gastos, que também aumentam. O salário das funcionárias, por exemplo. Os preços subiram duas vezes no ano passado. Este ano, já aumentaram de novo. Mas, pergunta se as pessoas vão desistir de fazer o cabelo?

“A beleza está em alta, virou necessidade”, constata Andréa Desidério, maquiadora.

“A nova classe C precisa de uma série de serviços, educação, transporte, saneamento e outros tipos de benefícios que ainda não tão sendo produzidos, e isso cria uma situação de escassez. Essa escassez gera, por sua vez, inflação”, diz o economista André Perfeito.

Em Cascavel, no interior do Paraná, dá para ver a marca do preço antigo de um estacionamento. A hora passou de R$ 3 para R$ 4. Parece pouca coisa, apenas R$ 1, mas é aumento de mais de 30%.

A lavanderia também ficou mais cara.

“Um terno passou de R$ 35 para R$ 40; uma camisa, de R$ 10 para R$ 12; uma calça social, de R$ 12 para R$ 14”, conta Vera Lima, dona da lavanderia.

No gráfico do vídeo, a linha azul mostra a inflação no Brasil mês a mês. E a linha vermelha, os aumentos apenas do setor de serviços. Normalmente, são maiores. A comparação vem desde o ano passado, quando o IBGE passou a agrupar os dados de serviços.

Controlar a inflação ainda tem pela frente mais um desafio: o reajuste de alguns preços que são administrados pelo governo.

“Tem ajuste que está represado. O preço da gasolina é um bom exemplo. Temos reajustes previstos para a energia elétrica. Só essas três variáveis – gasolina, ônibus e energia elétrica – já vão responder por uma parte importante da inflação no ano que vem”, adianta o economista André Braz.

As reportagens dessa série especial podem ajudar você, eleitor, na hora de analisar as propostas dos candidatos para os assuntos que mais preocupam os brasileiros. A propaganda eleitoral obrigatória começa no próximo dia 19.





Fonte: Jornal Hoje

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