Motorista conta como foi perseguição a motoqueiro que atirou em jovem
Ele é considerado uma testemunha-chave pra polícia. Com exclusividade ao Fantástico, conta que desistiu da perseguição porque não estava sozinho.
O Fantástico foi até Goiânia, onde as mulheres andam em sobressalto. Nos últimos seis meses, 15 jovens foram assassinadas na cidade. Segundo as testemunhas, o assassino usa sempre roupa escura e chega de moto. Neste fim de semana, a polícia prendeu dois suspeitos. As investigações continuam, e as famílias das meninas mortas ainda tentam entender o que aconteceu.
Alegre, cheia de sonhos, uma adolescente típica. O vídeo em que Ana declara seu amor a banda One Direction é um dos últimos registros de Ana Lídia, de 14 anos, assassinada há nove dias, em Goiânia. O caso é o mais recente de uma série de crimes misteriosos contra mulheres na cidade. Desde janeiro, já são 15 mortes.
O Fantástico foi até o ponto onde a Ana Lídia aguardava o ônibus para ir para o trabalho. Nesses últimos dias muitas pessoas foram para lá e deixaram flores, e velas. Uma homenagem para adolescente vítima do matador.
“Vim prestar uma homenagem, tenho uma filha de 15 anos que parece muito com ela, fiquei chocada”, diz uma mulher.
Uma câmera de segurança flagrou os últimos passos de Ana Lídia e de um motoqueiro. Foram dois tiros na jovem que sonhava ser estilista.
“Ela amava desenhar”, diz Ada Souza, mãe de Ana Lídia.
Fantástico: Você está com uma camiseta. Eram os ídolos da sua filha?
Mãe: O sonho dela é que eu vestisse essa camiseta, ela em vida.
“Um avental, foi o último presentinho dela de dia dois pais, me entregou carinhosamente. Neste dia fizemos um churrasco mesmo. Muito gostoso relembrar com muito carinho mesmo”, conta o pai Daniel Dias.
A mãe de Wanessa, que tinha 22 anos, também vive de lembranças. Sandra mantém o quarto da filha igualzinho ao dia em que ela saiu de casa pela última vez, em 23 de abril.
“Queria ser veterinária, gostava muito de animais. Esse era o sonho dela. Eu também morri naquele dia. Depois que a Wanessa morreu, eu não tenho mais vida, não tenho mais felicidade”, conta Sandra Oliveira, mãe Wanessa.
Uma mulher estava no carro em que a amiga, Juliana, de 22 anos, foi morta. “Foi assim a situação mais desesperadora que eu já vivi na minha vida: ver a minha amiga morrer daquele jeito, com sangue e ela desacordada. Você fica sem saber o que fazer. Eu pensei que o segundo tiro era pra mim. Eu pensei que eu ia morrer ali”.
Na maioria dos casos, o motoqueiro age da mesma forma: ele desce da moto, que pode ser preta ou vermelha, e atira à queima roupa. Não leva nada das vítimas.
As testemunhas descrevem um homem alto, de casaco e capacete pretos. Mas a polícia ainda não sabe ainda se todos os crimes foram cometidos por um único assassino.
Um homem passou no minuto seguinte em que o motoqueiro atirou em Ana Lídia. E chegou a perseguir o bandido. “Eu percebo a menina caindo no ponto de ônibus, o rapaz colocando a arma por dentro da camiseta, e ele sai. E eu sigo ele aproximadamente uns 300 metros na avenida, eu havia passado pela viatura da polícia e eu pensava que eu contaria com a sorte daquelas de aquela polícia 'estarem' ali por perto e a gente poder prendê-lo”.
Ele é considerado uma testemunha-chave pra polícia. Com exclusividade ao Fantástico, conta que desistiu da perseguição porque não estava sozinho.
“Eu seguia ele, aproximava mais dele, aí eu percebo que ao invés de correr mais, ele maneirou. Aí nesse momento eu temi pela vida da minha filha e da minha cunhada, você não é polícia, você tá seguindo um bandido sem arma”, conta.
“Ela era meu anjo. Eu chamava ela de florzinha. Era minha florzinha”, conta Gilmar Cândido, pai de Isadora.
Isadora, 15 anos, era a caçula de três irmãos. Estudiosa, cursava o primeiro ano do ensino médio e adorava esportes.
“Era futsal, tem medalha de artilheira. Tinha handball, ela jogava. Tinha queimado, ela jogava. O que tinha lá ela jogava tudo...capoeira, ela era bi brasileira e tri goiana”, conta o pai.
Histórias parecidas, de violência e de dor. Uma mulher sobreviveu ao motoqueiro de Goiânia.
O mesmo tiro que matou a irmã atravessou o braço dela. “Ela deixou um filho de 11 anos. Ela tinha toda a vida pela frente. Agora, 13 de agosto, ela ia fazer 30 anos”, conta.
“Espero que a justiça seja feita. Que ajudem a prender, pelo menos amenizar essa dor, esse medo que a gente tem de sair”,
Os crimes misteriosos de Goiânia desafiam mais de 40 homens da força-tarefa da Polícia Civil. Dois suspeitos foram presos nos últimos dias, mas não é certo que sejam, de fato, os assassinos.
“Por enquanto nós o tratamos como investigado. Ele inicialmente nega a sua participação em qualquer dos dois fatos, e até a conclusão da investigação nós vamos poder dizer se realmente ele é o autor ou se vamos descaracterizá-lo como investigado”, diz o delegado Deusny Aparecido, superintendente da Polícia Civil.
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