Escola pública promove educação especial inclusiva em João Pessoa Sala de recurso auxilia alunos com deficiências no turno oposto às aulas. Educação inclusiva tem crescido ao longo dos anos no estado, diz MEC.
Os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação da Paraíba estão cada vez mais sendo matriculados em classes comuns, segundo os últimos dados do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) publicados no Anuário Brasileiro da Educação Básica 2014. A porcentagem subiu de 58,1%, em 2007, para 94,3%, em 2012.
Uma escola que é referência na educação especial inclusiva na Paraíba é o Centro Estadual de Ensino-Aprendizagem Sesquicentenário, em João Pessoa. No local estão matriculados 33 alunos com necessidades especiais, entre eles surdos, cadeirantes e uma estudante com miopatia congênita.
“Cada um tem o seu nível de aprendizado. Os surdos, por exemplo, não conhecem o português. Nosso trabalho é fazer com que haja interesse por leitura, por essa segunda língua, para que eles possam se comunicar com colegas e professores”, explicou uma das professoras da sala de recurso do Sesquicentenário, Wandeylma Viegas.
Segundo a coordenação de Educação Especial da Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad), 286 escolas da Paraíba foram contempladas com salas de recursos para apoiar no atendimento educacional especializado, mas algumas ainda estão algumas esperando a chegada dos equipamentos. As salas de recursos dispõem de equipamentos de informática, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos adequados com o objetivo de integrar esse alunos nas escolas públicas regulares.
“Há uma certa barreira de comunicação entre eles e os professores. Por isso, no turno oposto às aulas, a gente passa o conteúdo de sala de aula adaptado à realidade deles. Eles saem com uma bagagem boa na parte de linguística e escrita e alguns surdos até conseguem ler lábios”, comentou Wandeylma.
As provas dos estudantes com necessidades especiais, apesar de tratarem dos mesmos assuntos, são adaptadas. “Eles têm dificuldade de organizar as palavras, os textos. Então, para eles, tudo tem que ser visual. Enquanto as provas dos outros alunos são em preto e branco, as deles são coloridas”, disse.
“Todo surdo gosta de estudar aqui porque a comunicação é melhor”, declarou um dos alunos, que tem 16 anos e cursa o 7º ano na sala de recurso do Sesquicentenário. “Eles acompanham a turma, mas não como uma criança dita normal. É no tempo deles, no entender deles. Eles estarem em uma sala integrada faz com que eles cresçam cada vez mais. Eles são capazes, só precisam ter a oportunidade”, afirmou a professora.
Os alunos especiais participam de todas as atividades e eventos da escola sem distinção. Segundo Wandeylma, eles também recebem o mesmo tratamento dos outros alunos. “Se bagunçam na sala, também levam reclamação. Se esquecem o caderno, levam castigo. Não podemos tratar como coitadinho”, justificou.
A universalização do atendimento é um dos componentes da meta do Plano Nacional de Educação (PNE) para a Educação Especial. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2014, em 2012 havia 15.211 estudantes especiais matriculados na Paraíba, sendo que 14.342 estavam em classes comuns, 115 em classes especiais e 754 em escolas especializadas.
Apesar da escola não ser especializada, ela garante a acessibilidade para quem precisa. A estrutura do local conta com rampas em locais como banheiros e corredores e as portas são largas para permitir o acesso de cadeirantes. “A escola é uma ferramenta totalmente adaptada para eles. Não tem um lugar que eles não possam ir”, garantiu a professora.
Integração
A inclusão dos alunos especiais não beneficia apenas eles mesmos. Os estudantes ditos “normais” aprendem a conviver com a diferença e são capacitados para se comunicar com os surdos, por exemplo. Aulas de Libras estão no currículo das classes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.
“A convivência dos ditos ‘normais’ com os especiais é muito proveitosa para o desenvolvimento do ser humano. A gente consegue ver o zelo, o carinho e a preocupação que eles têm pelos colegas especiais. Isso influencia positivamente o desenvolvimento do cidadão que a gente está pensando em formar”, pontuou a coordenadora do ensino fundamental I, Célia Marques.
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