Crítica: Black Keys vai além do som de garagem em novo disco A dupla americana flerta com soul e psicodelia no seu oitavo álbum, produzido por Danger Mouse
Os Black Keys saíram da garagem. Em vez de repetir a sonoridade crua e direta que marcou seus trabalhos mais conhecidos, como “Attack & release” (2008) e “Brothers” (2010), conquistando uma legião de fãs no processo, o grupo americano troca de marcha e segue por outra estrada, bem mais ampla, em seu novo álbum, “Turn blue”, com sinais de soul e psicodelia por toda parte.
Lançado no exterior pela Nonesuch e chegando agora no Brasil em formato físico (CD) via Warner, “Turn blue” não deixa exatamente para trás a rústica e contagiante mistura de blues e rock que consagrou a dupla formada por Dan Auerbach (voz e guitarras) e Patrick Carney (bateria) — e que gerou inúmeras comparações com outra dupla, o White Stripes, e também alguns atritos com o sempre esquentado Jack White. Em vez do descarte, no seu oitavo álbum, mais uma vez produzido por Danger Mouse, Auerback e Carney usam tais ingredientes como combustível para avançar na pista, sem engasgar em momento algum.
“Weight of love”, que abre o disco, é um belo exemplo dessa evolução: em seus quase sete minutos, a faixa lembra Pink Floyd (via Air de “The virgin suicides”) e jam bands como a Chris Robinson Brotherhood, entre mudanças de rumo, teclados que deixariam Rick Wright orgulhoso e lisérgicos solos de guitarra.
As outras dez faixas do álbum mantêm a mesma linha progressiva, comprovando a ideia de Auerbach de fazer um disco menos explosivo que seus trabalhos anteriores e mais para ser absorvido em fones de ouvido. Contribuiu um pouco para esse clima “reflexivo-on-the-road” o fato de o cantor e guitarrista ter passado por um turbulento processo de divórcio durante as gravações em Hollywood. Mas entre guinadas, sonhos e dores do amor, tudo azul com os Black Keys.
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